Terminou, antes do previsto, a campanha eleitoral em Gurúè com duas mensagens antagónicas. Jahanguir Jussub, da Frelimo fala de prosseguir com o desenvolvimento; mas António Janeiro, do MDM, afirma que os cidadãos têm uma nova oportunidade de extirpar o crime organizado, que tentou deturpar a verdade das urnas no dia 20 de Novembro de 2013 para continuar a marginalizar o povo local. Para o STAE é uma prova de fogo para ver se a credibilidade da instituição pode sobreviver a uma que não pode, agora, voltar a ser manchada pela violência, intimidação e o jogo sujo dos bastidores…
A Frelimo começou o seu último dia de campanha no bairro Miaco, no qual o candidato daquela formação política prometeu apetrechar e reabilitar as escolas, aumentar o sistema de abastecimento e gestão de água, reabilitar o campo de futebol de salão e futebol de 11. Curiosamente, Jahanguir Hussene Jussub falava a menos de 15 metros de uma escola totalmente degrada e a pedir, a gritos, uma intervenção.
O candidato do MDM, que saiu mais tarde, por volta das 14horas, fala no sistema de abastecimento de água como primeira medida no caso de ser eleito. António Janeiro afirma que no seu rol de missões para tirar Gurúè da situação em que se encontra passa pela reabilitação de estradas. Contudo, nestes três dias de campanha os dois partidos lutaram para mostrar a sua força. Ou seja, a luta incidiu para mostrar os tamanhos das caravanas do que sobre as reais necessidades de uma cidade onde falta tudo.
A Frelimo, forçada a repetir o pleito eleitoral diante do seu adversário político, usou bens do Estado para desequilibrar a balança nas eleições de sábado, como as instalações da polícia e uma massiva presença de forças da lei e ordem que nunca antes tinha sido vista em Gurúè.
Agora, a Frelimo aspira a prolongar o poder que ostenta há 15 anos localmente, sempre debaixo da permanente suspeita de fraude eleitoral. É isso que gritam os vendedores do mercado no centro da cidade quando se cruzam com a caravana do MDM, à qual exigem que acabe com os “ladrões”. E o termo aqui é usado porque os vendedores informais julgam exagerada a taxa de 20 meticais que lhes é cobrada.
António Janeiro, atento ao descontentamento popular, prometeu que a taxa irá baixar. Esquecendo-se, porém, que falou de olhar para as receitas próprias do município para resolver o problema de água. O que é certo, no meio das promessas eleitorais, é que o candidato do MDM, se cumprir o que disse, contará com menos dinheiro do que aquilo que a edilidade pode arrecadar para acabar com um problema que já conta com 15 anos.
Claramente, o MDM e o seu candidato saíram vitoriosos na campeonato das multidões. Movimentou mais jovens do a campanha de Frelimo. Só resta saber se será capaz de levar mais votos às urnas do que o partido dos camaradas. A chuva caiu sem piedade sobre o chão de Gurúè e acabou com a demonstração de forças de ambos partidos. Amanhã é dia de reflexão.
Um milhão de dólares pela “gafe”do dia 20 de Novembro de 2013
Graças a esta circunstância e um registo eleitoral manipulado ao sabor do critério do partido no poder – segundo analistas -, se não forem tomadas medidas por parte do STAE o mesmo episódio de 20 de Novembro poder-se-á repetir. Contudo, o Director Geral do STAE, Felisberto Naife, falando ao @Verdade, durante a formação dos Membros da Assembleia de Voto, garantiu que tudo está a ser acautelado para que o processo não seja manchado. Instado à pronunciar-se sobre as consequências que a situação ocorrida possa ter sobre a credibilidade da instituição que dirige, Naife anuiu que tal “pode manchar”, mas garantiu que “o STAE já realizou 53 eleições e não será por causa de um episódio específico”.
Falando aos formandos referiu que estão diante de uma oportunidade para mostrar o valor da instituição. “Temos esta oportunidade para mostrar ao país e ao mundo que o que aconteceu no dia 20 foi um acidente de percurso e que os Membros das Mesas de Voto dos órgãos eleitorais têm capacidade de realizar uma eleição sem constrangimentos e sem problemas. Nós confiamos em vós. A responsabilidade está nas vossas mãos.”
Para concluir esclareceu que “não pode haver dúvidas sobre aquilo que é a vontade dos eleitores”. @Verdade ficou a saber que a repetição do processo vai custar um milhão de dólares aos cofres do Estado. Há 49 mesas de voto distribuídas por cinco pontos da cidade de Gurúè.