Pelo menos 22.722 recém-nascidos morrem por ano em Moçambique, durante o parto, segundo um novo relatório publicado nesta terça-feira em Maputo, pela organização não governamental Save the Children.
A Save the Children refere no relatório que as mortes acontecem por causa do parto prematuro e complicações durante o parto – como o trabalho de parto prolongado, a pré-eclâmpsia e a infecção – que podem ser evitados se os técnicos de saúde qualificados estiverem presentes.
De acordo com a senhora Lesley Holst, directora de Desenvolvimento e Qualidade de Programas da Save the Children em Moçambique, que apresentou o relatório em Conferencia de Imprensa: “o primeiro dia de vida de uma criança é o mais perigoso”.
“Também muitas mães dão à luz sozinhas, no chão de sua casa ou no mato sem qualquer ajuda com potencial para salvar vidas. Ouvimos histórias horríveis de mães andando horas a fio para conseguir ajuda treinada para dar o parto, todas elas que muitas vezes terminam em tragédia”, disse a referida directora, acrescentando por outro lado que “é um crime que muitas destas mortes poderiam ser simplesmente evitadas se houvesse alguém de perto para certificar-se de que o nascimento ocorreu em segurança, e como fazer numa situação de crise.”
O novo relatório denominado – Acabar com as mortes dos recém-nascidos”, mostra que metade das mortes no primeiro dia, em todo o mundo, poderia ser evitadas se a mãe e o recém-nascido tivessem acesso aos cuidados de saúde gratuitos e à uma parteira qualificada.
A pesquisa também descobriu que um número adicional de 1,2 milhões de recém-nascidos é de nados-mortos em cada ano. Os seus batimentos cardíacos param durante o parto por causa de complicações de parto, infecções maternas e hipertensão.
Anualmente, 40 milhões de mulheres dão à luz sem qualquer ajuda de uma parteira ou de qualquer outro técnico de saúde formado e equipado, de acordo com a nova pesquisa da Save the Children.
Consta no relatório, que as primeiras 24 horas de vida de uma criança são as mais perigosas, com mais de um milhão de recém-nascidos morrendo a cada ano no seu primeiro e único dia de vida.
Numa tentativa de salvar milhões de vidas de recém-nascidos, segundo Lesley Holst, a Save the Children chama atenção aos líderes mundiais para o seu cometimento em 2014 para um plano de mudança sobre os Cinco Pontos da Promessa ao Recém-Nascido.
Os referidos pontos se concentram na formação e provisão de equipamento à um número bastante grande de trabalhadores qualificados para certificar-se de que nenhum recém-nascido nasce sem a ajuda adequada bem como remover as taxas para todos os serviços relacionados à gravidez e parto.
Contudo, o relatório reconhece que o mundo tem feito progressos surpreendentes na redução da mortalidade infantil durante a última década – quase metade de redução, de 12,6 milhões em 1990 para 6,6 milhões hoje – graças à acção política global na imunização, no tratamento da diarreia, pneumonia e malária, no planeamento familiar e na nutrição.
Mas este progresso pode estagnar-se sem uma acção urgente para combater os números escandalosamente elevados de recém-nascidos que morrem.
O relatório adverte que as mortes de recém-nascidos representam quase metade de todas as mortes em menores de cinco anos.
Lesley Holst disse que “estas novas estatísticas revelam pela primeira vez e, como nunca a verdadeira dimensão da crise do recém-nascido.
Necessidade de vontade política
“As soluções são bem conhecidas, mas precisam de maior vontade política para dar aos recém-nascidos uma chance de chegar ao seu segundo dia de vida. Sem uma acção focalizada agora, os progressos feitos na redução de mortalidade infantil por meio de vacinas e combate à desnutrição irão parar” considerou a directora de Desenvolvimento e Qualidade de Programas da Save the Children em Moçambique.
A Save the Children chama por outro lado, à atenção dos líderes mundiais, filantropos e o sector privado para se reunirem e fazerem o seu cometimento sobre os cinco Pontos da Promessa ao Recém-Nascido em 2014, nomeadamente:
– Emitir uma declaração definidora e responsável para acabar com toda mortalidade neo-natal evitável, salvando 2 milhões de vidas de recém-nascidos por ano e parando os 1,2 milhões de nados-mortos durante o parto;
– Certificar-se de que, em 2025, cada nascimento seja assistido por trabalhadores de saúde treinados e equipados que podem prestar as intervenções essenciais à saúde do recém-nascido;
– Aumentar a despesa em saúde para pelo menos o mínimo de 60 dólares norte-americano por pessoa para pagar pela formação, equipamento e apoio do profissional de saúde;
– Remover taxas de utilização de todos os serviços de saúde materna, neo-natal e infantil, incluindo cuidados obstétricos de emergência e;
– O sector privado, incluindo empresas farmacêuticas, devem ajudar a abordar as necessidades insatisfeitas, através do desenvolvimento de soluções inovadoras e aumentando a disponibilidade de produtos novos e existentes para a saúde materna, neo-natal e infantil para os mais pobres.