A presença das duas forças conjuntas governamentais, FIR (Força de Intervenção Rápida) e FADM (Forças Armadas de Defesa de Moçambique), que se encontram instaladas, desde a última segunda-feira (06 de Janeiro), na vila de Homoíne, sede do distrito com o mesmo nome, na província de Inhambane, para fazerem face à alegada presença de homens armados da Renamo no posto administrativo de Pembe, está a meter medo à população em vez de a sossegar.
A população está com medo e sente-se insegura com a presença das referidas forças no interior da vila sede do distrito e pede que sejam imediatamente afastadas para outro local fora da vila e longe de aglomerados populacionais.
Manuel Sebastião, “jovem empreendedor”, de 24 anos, disse que as pessoas na vila estão assustadas com a presença de homens da FIR e FADM alegando que não veem motivo para tal. Diz este jovem que faz os mais velhos recordarem o tempo de guerra de 16 anos.
“As pessoas não estão habituadas a conviverem com pessoas que andam com arma dum lado para outro”.
Questionado se os agentes da policia afectos à esquadra local não circulam com armas em tempo normal, ele disse o seguinte: “A PRM é outra coisa! Com aqueles da FIR e FADM o caso já é outro porque não estamos habituados. Por isso deveriam sair daqui e irem se acampar num outro local para lutar com estes da Renamo”.
Lídia Alexandre, comerciante no mercado local disse-nos por seu turno que “desde que as forças armadas governamentais vieram se instalar a vida dos residentes mudou dum minuto para outro e vivemos um ambiente de medo. As pessoas estão com medo”.
“Estamos com medo, porque eles vieram ficar cá na vila em vez de irem lá onde foram vistos os da Renamo para lutarem sem afectar a nós”, observou Lídia Alexandre à nossa Reportagem.
“Estamos a pedir ao presidente Guebuza, se foi ele que enviou os da FIR e FADM para aqui, ou a quem os mandou, para tirarem seus homens na vila se não os da Renamo vem nos matar”, comentou ainda Lídia Alexandre.
Inês José, não quis tecer grandes comentários mas também pede que as tropas da FIR e das FADM sejam retiradas do interior da vila. Mas pede mais: “Estamos a pedir ao presidente da República, Armando Guebuza e Afonso Dhakama, da Renamo, para se sentarem e terminarem com o sofrimento das pessoas porque enviar FIR e FADM aqui em Homoíne não ira ajudar em nada só vai agravar a situação das pessoas”.
Raul Francisco, funcionário da rede pastoral na vila de Homoíne mostrou-se também preocupado com a presença das forcas conjuntas governamentais e diz que “a solução não é de perseguir o inimigo mas, sim, convidar para o diálogo sério e objectivo.”
“Aqui na vila já não dá para viver seguro e suportar este tipo de ambiente, porque as pessoas não estão habituadas a conviverem com militares.”
Raul Francisco, face esta situação aponta os líderes como os principais culpados em deixar famílias sem abrigo. Diz que por causa do pânico muitas pessoas já tiveram que vender vários bens “a preços simbólicos só para conseguirem transportar a outra parte dos seus bens e irem para local seguro”.
Por isso a presença das forças conjuntas incomoda os residentes da vila de Homoíne.
“Os residentes de Pembe quando vieram disseram aqui em Homoíne que os da Renamo quando foram vistos disseram que não querem a população mas, sim, os militares do governo quando lhes provocarem. Por isso será evitável tiros dentro da vila para não afectar a população. Devem ir para fora da vila para lutarem longe daqui.”
Vida normal dentro da vila
Na vila sede do distrito de Homoíne vários serviços continuam a funcionar sem problema para o público.
A nossa Reportagem percorreu ontem todos bairros da Vila sede de Homoíne e viu que a vida da população continua sem sobressaltos. As instituições públicas funcionam sem problemas. O comércio está em pleno. Os transportes públicos circulam para todos os cantos, quer para a capital provincial e mesmo a capital do país, como para o interior do distrito.
No interior do Mercado Bonjuene vimos pessoas a consumir bebidas alcoólicas, com destaque para Sura (bebida de coqueiro), como se tudo continuasse como antes de haver movimentação de tropas.
As senhoras que sobrevivem do pequeno negócio, venda de produtos, como tomate, cebola, tapioca, amendoim, bolinhos, mangas, água, entre outros e vendem em frente das lojas e edifícios dentro da vila, continuam a fazer o seu comércio sem problema mas temendo que a presença da FIR e das FADM possa atrair a Renano para a vila afim de virem lutar.