A situação, que prevalece há mais de um ano, criou nos automobilistas uma nova habilidade: condução no leito de um rio. Um rio que dá um pouco de tudo aos residentes das suas imediações, desde peixe, água para o consumo e até água para lavagem de carros e vestuário, virou um lugar constrangedor, tudo porque os que têm interesse do outro lado de Boane viram a sua actividade condicionada.
Os camponeses, sobretudo porque não têm meio de transporte próprio, estão proibidos de não ter dinheiro para custear as despesas de escoamento da sua produção para Boane e outros pontos do distrito. Os comerciantes, que numa curta distância faziam chegar produtos alimentares básicos a baixo custo, são obrigados agora a gastar mais pelo transporte, o que certamente acarreta mais custos para o bolso do consumidor.
A nossa Reportagem escalou há dias aquela parcela da província de Maputo com vista a se inteirar das movimentações em torno da reposição da via, que há muito já clamava por uma reabilitação.
No terreno constatou que a preocupação não é somente dos nativos, como também dos que têm interesses naquele distrito e nos restantes pontos de Maputo, os quais têm a ponte sobre o Umbelúzi como elo de comunicação terrestre.
Isaías Matavele é antigo comandante da PRM no distrito de Boane. Encontrámo-lo minutos depois da maratona de travessia para a vila. Lamentou o facto de a situação estar a arrastar-se por muito tempo, perante o olhar dos que há muito deviam ter feito algo para minimizar o sofrimento dos cidadãos daquela parcela da província de Maputo.
O desconforto é generalizado, mas em pior situação estão os automobilistas que arcam frequentemente com prejuízos decorrentes da reparação das constantes avarias das suas viaturas.
“É um sofrimento enorme e um grande prejuízo ter que usar esta via todos os dias. O que se pode dizer aqui é que o Governo está a criar condições para que os moçambicanos não tenham carros. É que depois de várias viagens por aqui não há muito mais que se possa fazer senão estar sempre a reparar o carro”, disse Matavele.
A travessia no leito do Umbelúzi é somente feita por carros de alta suspensão, contudo, segundo disseram os nossos entrevistados, mesmo os carros altos depois de várias viagens saem com problemas, pois não foram concebidos para circular na água.
Sobre o desvio na zona de Mafuiane, Matavele disse que o problema é o mesmo, porque trata-se de uma estrada de terra batida sem manutenção e que expõe os utentes à poeira. Como não está devidamente terraplanada os danos são enormes, à semelhança dos que têm os que fazem circular seus carros na água.