Inicialmente agendada para a semana passada, a reabertura daquela via, que liga a vizinha África do Sul ao estratégico Porto de Maputo, acabou sendo adiada devido a atrasos registados nas obras da nova ponte, construída de emergência em substituição da anterior destruída na sequência de um acidente ferroviário ocorrido a 19 de Fevereiro último.
Até ontem, segundo João Mabota, tinham sido concluídos todos os trabalhos de montagem da estrutura metálica e montagem dos carris e balastragem mas, a necessidade de conferir uma maior aderência e coesão aos materiais usados na obra, acabou determinando o atraso da abertura da via à circulação de comboios.
“Durante o final de semana fizemos alguns acabamentos, mas seguramente que a linha será reaberta hoje. Depois disso continuaremos a realizar uma e outra intervenção, que podem ser feitas mesmo com a linha a operar”, disse.
Entretanto, os CFM deverão devolver três dos cinco tabuleiros de emergência usados na construção da estrutura da ponte, cedidos a título de empréstimo pela companhia sul africana Transnet, para o que a ferroviária moçambicana deverá assegurar a disponibilidade daquelas peças para serem montados em definitivo na ponte.
Sobre esta operação, o director de engenharia dos CFM assegurou que se trata de trabalhos que poderão ser feitos sem afectar a normal utilização da via, não se colocando, por isso, a questão de a linha voltar a ser paralisada para permitir a substituição dos tabuleiros.
“O que acordamos com a Transnet foi que os tabuleiros emprestados serão devolvidos até quatro semanas após a reabertura de emergência da linha, o que quer dizer que durante essas quatro semanas o CFM terá que ter tabuleiros seus, para colocar em definitivo na ponte, e devolver os da Transnet”, explica Mabota.
O encerramento da linha de Ressano ao tráfego de comboios afectou a dinâmica do negócio de muitas companhias sul-africanas que exportam mercadorias através do porto de Maputo. Devido a essa situação, alguns fornecedores sul-africanos, sobretudo os de minérios largamente procurados na Europa e na Ásia, tiveram que encontrar alternativas para a colocação do produto no Porto de Maputo, ora usando a linha de Ressano Garcia, ora usando a via rodoviária, com forte impacto em termos de economia de escala.
Com efeito, a utilização da linha de Goba como alternativa acabou se assumindo problemática para as empresas fornecedoras, uma vez que, além de implicar custos adicionais de escoamento da carga até Maputo devido ao desvio para atravessar o território da Suazilândia, nalgum momento foram desaconselhadas a usar a linha de Goba devido a trabalhos ainda em curso de melhoramento na ponte sobre o rio Umbelúzi, no distrito de Boane.
Além dos fornecedores sul-africanos, a interrupção da linha de Ressano causou prejuízos ao Porto de Maputo que viu reduzir drasticamente o volume de carga manuseada, 70 por cento da qual é constituída por minérios provenientes da África do Sul, em trânsito para diversos mercados do mundo.
Empresas de prestação de serviços marítimos e portuários, firmas transitárias e outras cuja actividade é fortemente condicionada pela presença de carga no porto, também entraram em prejuízo com a interrupção de comboios na linha de Ressano Garcia.