Segundo escreve hoje o Diário de Moçambique da Beira, o sequestro de Sumeia deu-se por volta das 18h40 (quinta-feira), quando a vítima, 31 anos, nacionalidade paquistanesa, abandonava o estabelecimento com destino a casa. Dois indivíduos armados levaram a cabo o sequestro com recurso a um carro que se encontrava estacionado nas proximidades.
Volvidas algumas horas, a família foi contactada através do telemóvel da vítima, anunciando que se tratava de rapto e que a sua libertação estava condicionada ao pagamento dez milhões de meticais.
Na ocasião, de acordo com o porta-voz da PRM em Nampula, Inácio Dina, os familiares da sequestrada iniciaram uma série de contactos com os bandidos, na perspectiva de alcançar um consenso a respeito do valor a pagar, na medida em que era considerado bastante elevado.
Nessa altura, segundo Dina, a família pediu que a Polícia evitasse intervir, pois os raptores ameaçavam assassinar Sumeia Ibraim caso houvesse envolvimento policial no assunto.
Várias voltas terão sido dadas ainda durante a noite, uma vez que enquanto se negociava o valor do resgate, também se discutia o local onde este devia ser entregue.
Sabe-se que em jogo estiveram três locais, nomeadamente, a zona da Subestação, no bairro de Mutauanha, depois o bairro da Cavalaria, para outro telefonema apontar a área da fábrica de cerveja, ao longo da Estrada Nacional número um, para quem sai da cidade em direcção à vizinha província da Zambézia.
Quando se julgava que os bandidos estariam na zona da fábrica de cerveja, eis que mais uma chamada telefónica aconselha os familiares a permanecerem na Cavalaria e orientando-os quanto ao lugar a deixar o saco contendo o valor, desta feita pouco mais de dois milhões de meticais. Após a recolha e respectiva conferência, alguém disse que a raptada já estava livre e junto das bombas da Total, na Avenida do Trabalho.
Esta “ginástica” durou toda noite e madrugada até que, às primeiras horas da manhã de ontem, a própria família comunicou à polícia ter resgatado a vítima num processo delicado.
Entretanto, o porta-voz da PRM em Nampula, citado pelo Diário de Moçambique, repudiou a atitude dos familiares que durante toda a noite se desligaram das autoridades e só depois de recuperar Sumeia Ibraim é que voltaram a falar com a Polícia, apenas para comunicar que já a tinham em casa.
Inácio Dina admite a hipótese de existirem algumas zonas de penumbra no meio do processo de resgate, sobretudo pelo comportamento dos familiares e dos próprios raptores que ao longo da noite se iam comunicando com naturalidade.
Refira-se que este não é o primeiro caso de rapto que se regista na província de Nampula, pois esta parcela do país já foi palco de vários outros, com o resgate a ser mediante pagamento de somas ainda maiores e sempre a se pedir o não envolvimento da Polícia.