“Há países que por causa deste tipo de intriga, fofoca estão a bater-se tribo contra tribo, religião contra religião e eles estão lá a tirar os recursos. E depois vem para aqui dizer que o fosso entre os ricos e pobres está a aumentar…”, acrescentou.
Para contrariar este tipo de mensagens, Guebuza apelou a união de esforços para que se possa criar riqueza e melhorar as condições de vida. Disse que existe potencial para a criação da riqueza, mas enquanto não for explorada isso de nada valerá.
“Muita gente fala e ouvimos dizer de que a riqueza não chega a todos. É verdade. Mas o problema que se coloca é que a riqueza é construída…todo o potencial está lá, mas enquanto não fizermos nada, não trouxermos a casa, a energia, a estrada para nós, através do trabalho árduo, eles não chegarão ”, insistiu.
Indicou, a título de exemplo, que o camponês pode ter a machamba, a enxada, a fome e motivação para ter comida, mas ela não chegará por si só porque tem ser produzida. Quando é produzida, acrescentou, então aí é possível fazer-se a distribuição.
No caso do pescador, tem que consentir sacrifícios, enfrentar o perigo, por vezes ciclones, para ir pescar. E só dai é que tem o produto, o peixe.
“Falamos hoje de recursos naturais em todo o lado e uns dizem que só enriquecem a alguns. Outros fazem-no por falta de informação, mas há os que fazem-no por maldade”, disse.
O Presidente recuou no tempo e no espaço relembrando que no tempo colonial e mesmo nos nove anos que se seguiram a independência, a exploração do carvão nunca superou as 500 mil toneladas. Depois veio a guerra que destruiu todo o sistema de produção e escoamento.
“ Onde havia carris começaram a nascer árvores e quando estamos a repor a linha-férrea para que o carvão possa ser extraído em maior quantidade e nesse processo há milhares de pessoas que estão a ser empregues, dizem que estão a comer poucos. Só serve para alguns, tudo isso para criar contradições entre nós. É uma arma poderosa que tem por objectivo dividir-nos. Batemo-nos entre nós e eles lá satisfeitos nos hotéis de sete estrelas. Agora diz-se que há gás, mas só alguns estão a beneficiar. Só alguns estão a comer. Este gás esteve sempre ali onde está nas profundezas. Os barcos passavam e não se sabia que havia gás ali até que, através do conhecimento e de investimento foi descoberto. Ele ainda está lá, mas há quem diga que só alguns estão a comer. Eles pretendem ver a nossa sociedade sempre desestruturada, dividida, em luta entre si”, alertou o Presidente.
Todavia, o estadista congratulou-se pelo facto de no meio disto haver trabalhadores que tudo fazem para melhorar as suas condições de vida, trabalhando e procurando sempre através do diálogo com o patronato e não só, buscar as formas que permitam aumentar a produtividade e consequentemente a renda.
Guebuza defendeu o diálogo como fonte para a solução dos problemas e para a manutenção da paz social. Neste caso, as organizações sindicais tem sabido, através do diálogo e da crítica defender os interesses reais dos moçambicanos.
O Congresso da OTM, que termina amanhã, decorre sob o lema “Pelo emprego digno, unidade e solidariedade sindical” e vai discutir, entre outros assuntos, a situação sócio-laboral, os estatutos e o plano estratégico para os próximos anos. O mesmo deve terminar com a eleição de novos corpos dirigentes.