Milhares de opositores ao presidente egípcio Mohamed Mursi protestaram terça-feira diante de seu palácio, a alguns quilómetros de uma manifestação de militantes favoráveis ao chefe do Estado, num clima de forte tensão que levou o Exército a convocar uma reunião para hoje (quarta-feira).
O ministro da Defesa e comandante das Forças Armadas, general Abdel Fattah al-Sissi, convocou “os parceiros da pátria”, incluindo o presidente islamita, seu governo e as forças políticas de todos os campos.
Esta iniciativa marca um regresso ao primeiro plano da instituição militar para tentar tirar o país da sua mais grave crise desde a eleição de Mursi, primeiro presidente civil do Egipto, em Junho.
À tarde, milhares de manifestantes contrários à realização no sábado de um referendo constitucional conseguiram transpor uma barreira de blocos de cimento e barras de metal, erguida para proteger o complexo presidencial em Heliópolis, subúrbio do Cairo.
Eles também penetraram no perímetro de segurança do palácio do presidente, em torno do prédio protegido por muros de mais de quatro metros de altura, soldados e tanques.
“As pessoas que se sacrificaram para se livrar de uma ditadura laica vão ficar com uma ditadura islamita, e isso é pior”, disse Miral Brinjy, uma manifestante de cerca de vinte anos.
Impulsionada pela Frente de Salvação Nacional (FSN), a oposição protestava também na Praça Tahrir, grande palco da contestação no centro da capital.
A FSN, que reúne partidos e grupos de tendência maioritariamente liberal e de esquerda, rejeitou o referendo de sábado e o projecto de Constituição que deve ser submetido a votação, por considerar que o texto abre caminho para uma islamização mais ampla da
legislação e que não oferece garantias para as liberdades.