Estes são pronunciamentos dos representantes do Governo e da Renamo que estão envolvidos nas negociações, cuja terceira ronda tem lugar hoje, em Maputo, que visam evitar um provável retorno à guerra perpetrada por aquela que é a maior força política da oposição no país.
A segunda ronda negocial que teve lugar na última segunda-feira, em Maputo, iniciou por volta das 9 horas e 45 minutos, depois foi interrompida por uma hora.
Cerca das 11 horas, os negociadores voltaram à sala de conversações, que foram mais uma vez interrompidas à hora do almoço. Nessa altura, foi prometida à imprensa que as 17 horas seriam feitas declarações para alimentar os noticiários.
À hora marcada, representantes de dezenas de órgãos de comunicação social, estavam no local a espera de informação sobre o andamento das negociações, o que não aconteceu.
Uma hora depois, o chefe da delegação da Renamo, que também é secretário-geral do partido, Manuel Bissopo, saia da sala para falar ao telemóvel, acto que aconteceu pelo menos três vezes.
Um pouco depois das 20 horas foi a vez do chefe da delegação do Governo, que exerce o cargo de Ministro da Agricultura, José Pacheco, sair da sala para falar ao telemóvel.
Por volta das 22 horas, Bissopo e alguns membros da sua delegação saíram da sala e sob alguma pressão de jornalistas revelaram que não havia consenso e escusando-se a avançar mais detalhes.
Segundo Manuel Bissopo, o problema que estava a ditar a demora na conclusão do trabalho naquele dia estava relacionado com a acta das conversações.
Quando os jornalistas começaram a manifestar desânimo, o que ditou que alguns desistissem de esperar, eis que, pouco antes das 23 horas, a delegação da Renamo se prontificou a falar com jornalistas.
Pontos divergentes
No “briefing”, Manuel Bissopo frisou que não houve consenso porque o Governo depois de receber informação sobre os pontos de reivindicação da Renamo, ainda exige explicação detalhada e decidiu que cada assunto será discutido por vez.
Assim, na segunda ronda a discussão era sobre a democracia, transparência eleitoral e composição da Comissão Nacional de Eleições. Este último havia sido aprovado pela Assembleia da República na semana anterior com votos favoráveis da Frelimo e do MDM e contra da Renamo.
“Nestas negociações não houve avanços porque o Governo se mantém na mesma. Nós vamos manter a nossa posição, vamos voltar ao nosso quartel-general e reformular as regras para a imposição de um Governo de transição com vista a instaurar uma nova ordem política nacional”, declarou.
Bissopo não avançou detalhes de como tais acções seriam efectuadas, tendo apenas se limitado a dizer que “vamos usar a via que o povo decidir”.
Prosseguir com o diálogo
Por sua vez, José Pacheco garantiu que o Governo está disposto a prosseguir com as negociações até se chegar a um consenso, mas sublinhou que em relação à composição da CNE, a decisão final deverá sair da AR. O Parlamento adoptara, sexta-feira anterior, a nova Lei da CNE.
Segundo José Pacheco, as partes vão continuar a debruçar-se sobre os outros pontos colocados sobre a mesa, nomeadamente: partidarização do aparelho do Estado com a criação de células da Frelimo nas instituições, desenvolvimento inclusivo e defesa e segurança.