Um recente relatório publicado pela ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) concluiu que cerca de 93 por cento de crianças que realizaram testes de TB usando o método mais comum, tiveram resultado negativo, embora mais tarde se venha a verificar que de facto têm a doença.
O estudo, apresentado na Conferência Mundial sobre Doenças Pulmonares em Kuala Lumpur, contém dados colhidos ao longo de três anos em 2.000 crianças com TB em 13 projectos da MSF em seis países, incluindo Myanmar e Zimbabwe.
Crianças infectadas com HIV e TB estão em maior risco de morrer do que aquelas apenas com TB e, enquanto mais de metade delas testaram positivas à TB usando o método mais comum (produzir expectoração que é analisada ao microscópio).
O relatório reconhece que diagnosticar TB em crianças é muito mais difícil. A maioria das crianças, principalmente as mais pequenas, não consegue produzir expectoração suficiente para o teste. E mesmo quando conseguem, os testes baseados na expectoração não detectam a doença quando os bacilos são em pequeno número ou quando a TB é extra-pulmonar, o que acontece com frequência em crianças.
“Numa tentativa de obter amostras adequadas, os funcionários da Saúde são obrigados a usar medidas invasivas e dolorosas, forçando vapor nos pulmões da criança para obter expectoração, ou a sugar expectoração através do estômago”, disse Martina Casenghi, conselheira científica da Campanha Acesso, da MSF.
“O teste ideal para as crianças seria um que não dependesse de expectoração… seria algo que não necessitasse de infra-estrutura de laboratório (algo como um teste de gravidez através da urina) e que usasse uma amostra fácil de obter, tal como urina, fezes, um teste de gota de sangue, etc.”, explicou Grania Brigden.
Este teste ideal, segundo Brigden, é não específico para crianças uma vez que poderia ajudar a diagnosticar outros casos difíceis tais como os de co-infecção de HIV e TB extra-pulmonar,” disse Grania Brigden, conselheira para TB na Campanha Acesso da MSF.
Embora ferramentas de diagnóstico tais como o teste GeneXpert possam representar um diagnóstico de TB mais rápido em crianças, também tem as suas limitações uma vez que requer amostras de expectoração, diz o relatório.
Segundo o relatório, um dos principais obstáculos para desenvolver um diagnóstico de TB que funcione em crianças tem sido a falta de um padrão de avaliação de funcionamento de novos instrumentos de diagnóstico.
“Contudo, chegou-se recentemente a um consenso sobre a abordagem metodológica a seguir para avaliar os novos testes de diagnóstico em crianças… Estas novas abordagens devem ser implementadas rapidamente para se acelerar a taxa de progresso.”