Moçambique e China marcam este ano cinco décadas de relações diplomáticas, período durante o qual o comércio bilateral entre os dois países deverá alcançar os 5,18 mil milhões de dólares em 2024.
Desde o início desta parceria, os investimentos chineses em Moçambique têm abrangido uma vasta gama de sectores, incluindo infra-estruturas, saúde, educação e agricultura, consolidando a posição da China como o segundo maior parceiro comercial de Moçambique.
A Embaixadora da China em Moçambique, Zheng Xuan, revelou que a China implementa tarifas zero sobre produtos manufacturados moçambicanos e estabeleceu protocolos fitossanitários para feijão-bóer, caju e macadâmia. Foram ainda desenvolvidas várias iniciativas estratégicas nos sectores energético e agrícola, entre as quais se destaca o Projecto Wanbao, o maior projecto de plantação de arroz do país.
Estas informações foram partilhadas durante o seminário “50 Anos de Cooperação entre Moçambique e China: Conquistas, Desafios e Perspectivas”, organizado pela Universidade Joaquim Chissano. Na sua intervenção, Zheng destacou a evolução das relações bilaterais, que passaram de uma ligação pautada pelo respeito mútuo para uma parceria estratégica de âmbito global.
A diplomata ainda frisou que a cooperação em infra-estruturas resultou na construção de projectos emblemáticos que transformaram o panorama socioeconómico de Moçambique, como a Ponte Maputo-KaTembe, o Aeroporto de Xai-Xai e a Estrada Circular de Maputo. Em breve, será inaugurado o Centro Cirúrgico Nacional, que também resulta desta colaboração.
Zheng referiu também os avanços na agricultura, com a criação do primeiro centro de demonstração agrícola e o Projecto Wanbao, que tem contribuído para o aumento da produtividade de arroz e para o combate à fome. No sector energético, a exploração de gás natural posicionou Moçambique no mercado internacional da energia.
A componente cultural e humana das relações também foi realçada. Desde 1976, 25 equipas médicas chinesas estiveram em Moçambique, e cerca de 10 mil jovens moçambicanos tiveram a oportunidade de se formar em língua chinesa e em várias áreas profissionais através de bolsas de estudo, escolas técnicas e do Instituto Confúcio na Universidade Eduardo Mondlane. O Centro Cultural Moçambique-China, o maior construído com a assistência chinesa em África, tem-se tornado uma referência no intercâmbio cultural, com cerca de 100 actividades realizadas nos últimos dois anos.
Zheng Xuan afirmou que a política chinesa para África mantém-se estável e a longo prazo, orientada pelos princípios de sinceridade, amizade e benefícios mútuos, reiterados pelo Presidente Xi Jinping em suas diversas visitas ao continente. A embaixadora expressou ainda o compromisso de ambos os países em reforçar o multilateralismo e a estabilidade internacional, com a ONU como eixo central.
Ela concluiu destacando a estreita amizade entre China e Moçambique, lembrando as lutas comuns anticoloniais e anti-imperialistas que levaram à independência nacional, e enfatizou a intenção de ambos os países de contribuir para a paz e o desenvolvimento global, mesmo em tempos de turbulência.