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Juventude no centro das soluções para a instabilidade política e socioeconómica em África

A instabilidade político-socioeconómica em África continua a ser um desafio complexo e multifacetado, manifestando-se através de golpes de estado, conflitos armados, pobreza, desigualdades sociais e escassez de recursos.

Neste contexto, a Secretária de Estado da Cultura, Matilde Muocha, sublinhou a importância de incluir a juventude nas agendas de paz e segurança como requisito essencial para alcançar um desenvolvimento sustentável.

Durante a participação no programa Linha Directa da Rádio Moçambique, Muocha afirmou que é vital investir na população juvenil africana, que representa a maioria, para que esta se torne produtora de progresso. “Não se pode ignorar a magnitude da população juvenil em África; o investimento nesta faixa etária é crucial”, salientou a Secretária de Estado.

Matilde Muocha também destacou a preocupação com a falta de uma agenda comum entre os países africanos, resultante da Comunicação insuficiente entre os povos. Essa fragmentação tem consequências directas na partilha de recursos básicos, como a água. “É inaceitável que conflitos surjam em torno do acesso a este recurso, enquanto há países que dispõem do mesmo em abundância”, observou.

Joaquim Chissano, representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, reforçou que a paz e a segurança devem estar no topo das prioridades de África, considerando que 50% das questões conflituosas abordadas no Conselho de Segurança das Nações Unidas dizem respeito ao continente. “Sem paz e segurança, o desenvolvimento torna-se inviável, sendo estas condições necessárias para avançar em áreas cruciais como a educação”, sublinhou.

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O académico e docente de Relações Internacionais, Cálton Cadeado, chamou a atenção para a fragilidade da unidade africana, ressentindo-se da falta de coesão e da diminuição da influência do continente nas agendas globais. “As disputas geopolíticas criam fissuras entre nós, africanos”, declarou.

Cumpre recordar que o último país africano de língua portuguesa a presidir a União Africana foi Moçambique, sob a liderança de Joaquim Chissano, em 2003. Este ano, o Dia da África será comemorado a 25 de Maio, data que assinala a fundação da Organização da Unidade Africana em 1963, que posteriormente evoluiu para a União Africana em 2002.

A efeméride celebra este ano o seu 62° aniversário sob o lema “Justiça para os Africanos e Pessoas de Ascendência Africana através de Reparações”, definido pela Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos. Neste dia, honra-se a unidade, a diversidade e o progresso do continente, bem como a luta pela independência e contra a colonização.