A grave crise de combustíveis que assola o Malawi entra na sua terceira semana, causando sérias repercussões no sector empresarial e afectando, igualmente, os distritos fronteiriços de Moçambique, particularmente nas províncias de Tete, Zambézia e Niassa.
A situação, que já alcançou contornos alarmantes, levou muitos malawianos a recorrerem ao açambarcamento de combustível nas gasolineiras situadas nas áreas limítrofes. Nos distritos de Moatize e Angónia, em Tete, assim como em Milange, na Zambézia, e Mandimba, em Niassa, a escassez tem provocado uma corrida ao abastecimento.
No Malawi, o combustível adquirido no mercado negro está a ser vendido a 10 mil kwachas por litro, o que equivale a cerca de 360 meticais, resultando num aumento significativo nos preços do transporte público e colocando uma pressão financeira acrescida sobre a população.
Os proprietários de veículos enfrentam longas esperas, muitas vezes passando uma ou mais noites em filas que se estendem por até um quilómetro, na esperança de que um camião cisterna chegue com combustível.
O ministro da Informação, Moses Kunkuyu, anunciou no último fim-de-semana que 150 camiões cisternas estão a caminho do Malawi, provenientes dos portos da Beira, em Moçambique, e de Dar-Es-Salaam, na Tanzânia, com um total de 5,7 milhões de litros de combustível. No entanto, a situação continua instável e sem uma resolução à vista.
Kunkuyu reconheceu que a crise resulta da insuficiência de divisas do país, aliada à falta de liquidação de dívidas com fornecedores de combustível, o que levou à suspensão das entregas por um período de dez dias.
O início da crise remonta ao mês passado, quando John Kapito, director executivo da Associação dos Consumidores do Malawi, propôs um reajustamento dos preços de combustível. A comissão parlamentar sobre mudanças climáticas e recursos naturais concordou com a proposta, porém, as bancadas da oposição abandonaram a sessão em protesto, argumentando que tal reajuste exacerbaria a inflação e aprofundaria a pobreza entre os malawianos.
O ministro da Informação afirmou que a falta de ação por parte do governo, em resposta às preocupações levantadas, contribuiu para o agravamento da crise de combustíveis no Malawi, que continua a pôr em risco a estabilidade económica e social do país.