O Ministério da Justiça da África do Sul confirmou, esta segunda-feira, que os foragidos à justiça Rajesh e Atul Gupta, suspeitos de envolvimento no escândalo de corrupção envolvendo o ex-presidente Jacob Zuma, foram detidos nos Emirados Árabes Unidos.
“O Ministério da Justiça e os Serviços Prisionais confirmam que receberam informação das autoridades judiciais nos Emirados Árabes Unidos que dizem que os fugitivos da justiça Rajesh e Atul Gupta foram detidos”, noticiou a imprensa local sul-africana.
O juiz e actual chefe da Justiça sul-africana, Raymond Zondo, liderou a comissão judicial de investigação à captura do Estado pela grande corrupção na presidência de Jacob Zuma, entre 2009 e 2018, tendo produzido um relatório que se dedica, em parte, aos negócios entre o Estado e a família indiana Gupta.
Numa das partes, o relatório destaca um contrato de fornecimento de carvão de mais de 221 milhões de euros com uma entidade comercial da família indiana, entretanto fugida do país.
O juiz sul-africano questiona no relatório a actuação da direcção do Congresso Nacional Africano (ANC), quando os Gupta assumiram alegadamente o controlo das principais empresas públicas sul-africanas como a Transnet [portos e ferrovia], Denel [Defesa e armamento] e Eskom, criticando também o “silêncio” do parlamento e do executivo perante as alegações de captura das instituições públicas pela grande corrupção.
Estima-se que a Eskom, que fornece mais de 90% da electricidade na África do Sul, tem actualmente uma dívida de cerca de 400 mil milhões de rands (24 mil milhões de euros), segundo a imprensa local.
Depois de assumir o cargo de Zuma, que foi afastado pelo partido antes de terminar o mandato, Cyril Ramaphosa estimou em cerca de 500 mil milhões de rands (30 mil milhões de euros) o rombo dado por elementos do seu partido nos cofres do Estado sul-africano, prometendo fazer do combate à corrupção o seu “cavalo de batalha”.