Sociedade Segurança Cabo Delgado: Terroristas aproveitam instabilidade pandémica

Cabo Delgado: Terroristas aproveitam instabilidade pandémica

O território de Cabo Delgado, em Moçambique, é há três anos alvo de ataques por grupos armados, o que fez o país subir oito posições, para a 15.ª posição do Índice Mundial do Terrorismo 2020.

Grupos jihadistas islâmicos estão a aproveitar a instabilidade causada pela pandemia de Covid-19 para lançar ataques e conquistar território em países africanos como Moçambique, alerta o relatório do Índice Mundial do Terrorismo 2020 publicado esta quarta-feira.

O registo de ataques violentos durante este ano em países como Moçambique e Nigéria é um reflexo do aumento da atividade na África subsaariana de grupos jihadistas associados ao Estado Islâmico (ISIL), confirmou Thomas Morgan, investigador assistente do Instituto de Economia e Paz, baseado em Sydney.

A maioria da atividade tem sido concentrada na região do Sahel, mas temos observado este aumento recente de terrorismo em Moçambique. Existe ambiguidade sobre quais são os grupos responsáveis e em que altura se tornaram afiliados ao ISIL. Mas parece confirmar-se que é o ISIL que está por detrás da violência na África subsaariana e que a violência continuou a aumentar em 2020, mesmo durante a pandemia de covid-19″.

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A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, é há três anos alvo de ataques por grupos armados, provocando uma crise humanitária com cerca de duas mil mortes e 435 mil deslocados internos.

O número de ataques na província onde avança o maior investimento privado de África, para exploração de gás natural, registou uma intensidade reforçada desde o início deste ano, continuando um agravamento registado no ano passado.

De acordo com o relatório publicado, produzido desde 2003 para estudar as tendências do terrorismo internacional, Moçambique registou 319 mortes em 2019 resultado de ataques terroristas, mais 140% do que no ano anterior, atrás do Burkina Faso (593 mortes, mais 600%).