Analistas moçambicanos dizem haver alguma inércia e jogo de tempo relativamente ao caso Manuel Chang e outras pessoas detidas no âmbito das dívidas ocultas, cujo objectivo é fazer com que este escândalo financeiro caia no esquecimento.
Ano e meio após as primeiras detenções terem sido feitas, nada se sabe sobre o processo de extradição do antigo ministro das Finanças, Manuel Chang, que se encontra detido na África do Sul desde dezembro de 2018.
Da mesma forma, não se sabe quando é que poderá iniciar-se o julgamento das 19 pessoas que se encontram detidas em Maputo, o que para o analista Tomás Rondinho “provoca apreensão na sociedade moçambicana, dado terem sido recolhidos elementos bastantes que justificam celeridade no processo”.
“Há tentativa de, através deste silêncio, fazer-se esquecer o caso Manuel Chang porque já se conseguiu aquilo que se pretendia”, acusa Tomás Rondinho, indicando que o que se queria “era chamar atenção para o facto de que houve rombo, mas esse rombo veio de fora”.
“É polémico, mas eu defendo a libertação dos detidos, dando-lhes um prazo para devolverem o dinheiro do Estado “porque o que se está a fazer agora é apenas legitimar as dívidas”, sublinha.
O jurista Tomás Vieira Mário também mostra-se preocupado com a falta de celeridade neste processo, afirmando, entretanto, existirem dois factores que arrefeceram, particularmente, o caso Chang.
O primeiro tem a ver com a absolvição do libanês Jean Boustani, que terá arrefecido o apetite dos americanos relativamente a este caso, e o segundo factor é a pandemia da Covid-19, “que desviou toda a atenção e prioridade de todo o mundo”.
“Mas o mesmo não se pode dizer em relação às pessoas que se encontram detidas em Moçambique porque eu acho que é alguma inércia ou algum jogo de tempo; não tem nada a ver com custos, os nossos juízes e procuradores estão a trabalhar normalmente”, considera aquele jurista.
Manuel Chang encontra-se detido na África do Sul desde Dezembro de 2019 depois de a justiça americana ter mandado prendê-lo.
O analista Fernando Lima considera que o processo da sua extradição segue o seu curso