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Filho de Guebuza pediu 11 milhões para comprar casa e viver com uma prostituta

O antigo banqueiro do Credit Suisse Andrew Pearse disse em tribunal que o filho do antigo Presidente moçambicano Armando Guebuza pediu 11 milhões de euros para comprar uma casa, no sul de França, com uma prostituta.

“O filho do então Presidente Armando Guebuza apresentou o arguido ao pai e aos ministros no Governo moçambicano que eram necessários para o projecto avançar”, disse Andrew Pearse no tribunal de Brooklyn, em Nova Iorque, onde decorre o julgamento pelo desvio de 200 milhões de dólares do erário público.

De acordo com as declarações do antigo banqueiro do Credit Suisse, que se deu como culpado, Ndambi Guebuza pediu 11 milhões de euros a Jean Boustani, o principal acusado pela justiça norte-americana, para comprar uma casa em França, na qual pretendia morar com uma prostituta pela qual se apaixonou.

“Ele estava a viver no sul de França e pediu para comprar uma casa para ele e para uma prostituta por quem se tinha apaixonado”, disse Pearse, acrescentando que “queria 11 milhões de euros para comprar a casa e viver com ela”.

Quando o antigo banqueiro mostrou surpresa pelo pedido que lhe estava a ser feito, Jean Boustani terá desvalorizado a questão, respondendo: “Isso não é nada, dado os 50 milhões de dólares que já lhe paguei”.

Ndambi Guebuza foi preso pelas autoridades moçambicanas em Fevereiro, e está a contestar as acusações de que é alvo.

As declarações do antigo responsável da Privinvest são o mais recente capítulo do processo das dívidas ocultas de três empresas públicas moçambicanas, que já levou à detenção do antigo ministro das Finanças Manuel Chang e de um dos filhos do antigo Presidente Armando Guebuza, para além de três banqueiros do Credit Suisse e vários responsáveis governamentais moçambicanos.

Na investigação, a Justiça norte-americana acusa membros do anterior Governo de Moçambique, a Privinvest e três ex-banqueiros do Credit Suisse de terem criado um falso projecto de defesa marítima para receberem mais de 200 milhões de dólares em subornos para si próprios em acordos assinados em 2013 e 2014, apontando Jean Boustani como o principal operacional do esquema de corrupção no valor de 2,2 mil milhões de dólares.

A descoberta de empréstimos contraídos com aval do Estado mas sem registo nas contas públicas e sem divulgação aos parceiros internacionais levou os doadores a cortarem a assistência internacional e as agências de rating a descerem a opinião sobre o crédito soberano.

Em consequência, aumentou o rácio da dívida pública sobre o PIB, o que arredou o país do financiamento internacional, atirando Moçambique para ‘default’ e para uma crise económica e financeira que ainda persiste.

Lusa