Uma gestão danosa da frota. Mais da metade do total dos autocarros da Empresa Municipal dos Transportes Públicos de Maputo (EMTPM) está paralisada porque não há assistência mecânica devida.
Segundo o vereador do Pelouro de Transpores e Trânsito no Conselho Municipal da cidade de Maputo, João Matlombe, a maior parte dos autocarros que o Governo acaba de adquirir está neste momento inoperacional.
Recorde-se que recentemente a EMTPM, antes designada TPM, essa altura na gestão do Ministério dos Transportes e Comunicações, adquiriu autocarros de marca TATA, na Índia, sem concurso público, num negócio que beneficiou o chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, como accionista da TATA Moçambique. O semanário Canal de Moçambique demonstrou no momento que Guebuza “burlou o Estado” com um negócio promíscuo e altamente prejudicial para o País. Hoje cá estão os resultados.
“O que está a acontecer é que o processo de aquisição destes autocarros não foi acompanhado também pelo processo de formação de mais mecânicos para poderem fazer assistência mecânica em caso de avaria, razão pelo qual basta um autocarro avariar sai da frota para sempre por falta de manutenção”, explicou João Matlombe, deixando claro que a compra de autocarros TATA, na Índia, foi autêntica burla ao Estado.
“Por isso é que apesar de o Governo ter investido fortemente no reforço da frota dos TPM, esse esforço não está a surtir os seus efeitos porque a empresa não tem mecânicos suficientes e mesmo os que existem não têm capacidade técnica para tal,” sublinhou o vereador.
Segundo João Matlombe, os TPM possuem neste momento uma frota de 210 autocarros, mas 110 autocarros estão paralisados em virtude de estarem avariadas.
O vereador diz tratar-se de “avarias normais” mas porque os TPM “não têm recursos humanos capacitados para sua assistência mecânica” o referido número de autocarros encontra-se estacionado nas garagens da empresa, agravando, deste modo, a crise de transporte público nas cidades de Maputo e da Matola, não obstante o esforço do Governo visando inverter este cenário.
Falta de peças
A falta de peças apropriadas bem como a intransitabilidade das vias nos grandes centros urbanos também são apontados como principais causas que fazem com que a maior parte dos autocarros que nos últimos anos são adquiridos pelo Governo não tenha muito tempo de vida.
“O que acontece é que a empresa não tem tido sempre apropriadas marcas de automóveis adquiridas de modo a subsistir ainda a tempo aquelas que estão avariadas”, frisou a nossa fonte.
Estamos neste momento a apostar na formação
Para inverter este cenário, os TPM, através do vereador da área dos Transporte e Trânsito no Conselho Municipal da cidade de Maputo, entidade gestora desta empresa pública, diz que, neste momento, está a apostar na formação de mais mecânicos não só para recuperar os mais de 110 autocarros paralisados nas oficinas dos TPM, como, também, para garantir que os mesmos tenham muito tempo de vida porque terão assistência técnica constantemente.
Achamos que este é a melhor solução deste problema porque a empresa possui equipamentos próprios e oficinas apropriadas, mas a falta de recursos humanos capacitados para tal é que tem sido o nosso grande “calcanhar de Aquiles”, sublinhou João Matlombe.
Apesar de não ter indicado o número exacto de mecânicos que neste momento estão a ser formados tanto no País como no estrangeiro, Matlombe garantiu que os TPM em breve terão recursos humanos capazes de fazer manutenção técnica de toda a sua frota, o que irá contribuir para minimizar a crise de transporte nos grandes centros urbanos com destaque para cidades de Maputo e da Matola, onde a mesma é mais grave devido ao grande fluxo populacional que registam neste momento.
Aliás, recentemente, o Governo, através do ministro dos Transportes e Comunicações, Gabriel Mutisse, veio mais uma vez reconhecer, publicamente, que a crise de transporte nos grandes centros urbanos do País estava longe do fim apesar do forte investimento que tem estado a fazer na aquisição de mais meios de transporte.