Sociedade Saúde Hospital Central de Maputo: Humanizar relação paciente-enfermeiro

Hospital Central de Maputo: Humanizar relação paciente-enfermeiro

A relação entre o paciente e o pessoal da Saúde deve melhorar, pois neste momento há algumas queixas de insatisfação dos utentes no que diz respeito ao atendimento hospitalar.

Um desses sectores cujos serviços foram apontados como problemáticos e que urge solucionar é a Maternidade do Hospital Central de Maputo. Esta observação foi feita sexta-feira última na capital do país, num encontro havido entre a comunidade e o comité de humanização daquela que é a maior unidade sanitária do país, tendo como objectivo auscultar os problemas que influenciam de forma negativa os serviços do HCM, bem como apontar os possíveis caminhos para alterar esse quadro negativo.

Durante o encontro, a comunidade que usou da palavra, levantou como principal problema a falta de paciência e zelo por parte de alguns profissionais de Saúde, facto que preocupa os doentes que para ali se desloca à procura de um atendimento condigno.

Isilda Zandamela, uma das intervenientes, contou um episódio vivenciado por ela na Maternidade do HCM em que a dado momento os pacientes não eram atendidos, a pretexto de que o pessoal não estava disponível devido ao aproximar da hora de saída, evitando prolongar o seu turno de trabalho. Esse caso provocou muitos constrangimentos em parturientes que precisavam de ser observadas com certa urgência e a reacção dos utentes acabou, como era de esperar, por criar uma certa fricção na relação paciente-enfermeiro.

“O trabalho de enfermeiro é como o de professor: é preciso ter uma certa inclinação e tendência de amor ao próximo para exercer esta actividade. É importante que aos cursos de medicina, as pessoas sejam orientadas de acordo com a sua vocação, para que possam trabalhar sem se sentirem obrigadas”, sublinhou Isilda Zandamela.

Para Carlos Chilaule, a greve que houve no país e naquela unidade em particular, afectou de forma directa as famílias moçambicanas, uma vez que houve registo de óbitos. Na sua intervenção apelou aos médicos e enfermeiros para que mantenham a coragem e dedicação para que a comunidade deixe de lado os preconceitos que por vezes carrega consigo em relação ao pessoal da Saúde.

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Para Kandiyane Wa Matuva Kandiya, uma figura conhecida na “media”, a grande questão que se coloca no HCM é o excesso de carga horária do pessoal de Saúde que muitas vezes, confrontado com essa realidade, nada mais faz senão fraquejar, afectando de forma directa a organização do trabalho planificado. “Humanamente falando, é preciso reforçar as equipas de enfermeiros, sobretudo nas enfermarias de Medicina”, observou, alinhando no mesmo diapasão quanto à questão vocacional, sendo mesmo contundente: “a Saúde não é um refúgio para os desempregados. Tem que haver vocação e preparação para se trabalhar num hospital. Nota-se a falta de sorriso no rosto de alguns médicos e enfermeiros. Mas também temos que dizer que no HCM há profissionais com postura de honestidade que lutam para melhorar e ultrapassar os problemas existentes”, disse.

No que diz respeito à Maternidade, Cacilda Mapengo, que também usou da palavra, não compreende porquê é que naquela maternidade, algumas pacientes são mandadas de regresso à casa, a pretexto de que “ainda é cedo”, quando acabam invariavelmente por voltar horas depois ao mesmo hospital.

Domingos Diogo, director clínico do HCM e presidente da comité de humanização desta unidade hospitalar explicou a importância deste tipo de encontros de auscultação à comunidade, porque no seu entender, é necessário saber ouvir para que, uma vez identificadas as falhas nos diversos serviços, possam-se ser corrigidas. Diogo tomou nota das preocupações levantadas e prometeu alterar esse quadro, colocando benefícios para a Saúde e qualidade de vida dos usuários, dos profissionais e da própria comunidade.