Moradoresdos bairros de Mussumbuluco, Liqueleva, Matola J e Liberdade, no município da Matola, estão a impedir a circulação de camiões de grande tonelagem, por entender que danificam as vias e condutas de água implantadas nessas áreas residenciais.
Trata-se, segundo os residentes, de camiões com excesso de carga que recorrem a estas ruas na sua fuga à báscula, um mecanismo instalado na Estrada Nacional Número Quatro (EN4) para o controlo do peso de veículos de grande tonelagem.
De há algum tempo a esta parte, os camionistas encontrados a circular nestas ruas do interior daqueles bairros são obrigados pelos moradores a descarregar os inertes que transportam, sobretudo o saibro e pedra, materiais com os quais os residentes tapam os buracos alegadamente criados por camiões.
Os residentes disseram que para além de danificar os acessos, a pressão que estes veículos exercem sobre as estradas, maioritariamente de terra batida, resulta no rompimento de condutas de água, provocando pequenos charcos de água nas ruas, o que agrava as condições de transitabilidade nesses acessos.
O cenário tem deixado os moradores revoltados até ao ponto de decidirem tomar medidas drásticas como forma de impedir a circulação de viaturas de grande tonelagem pelas ruas de terra batida.
Para melhor se fazerem ouvir, os moradores criaram uma comissão para resolver o problema da movimentação de camiões nas ruas daqueles bairros.
Em contacto com o “Notícias”, Juma Juma, membro da comissão dos moradores, disse que a circulação de camiões é preocupante porque as ruas estão a ficar degradadas e que ninguém se responsabiliza por isso.
“Os camiões estão a degradar as nossas estradas e a rebentar as condutas de água, daí que decidimos impedir a sua circulação no interior dos bairros”, disse Juma.
O nosso interlocutor explicou que o problema dos camiões que evitam a báscula é antigo, sendo do conhecimento do Conselho Municipal e da Polícia da República de Moçambique (PRM), que nada fazem para inverter o cenário.
“Este problema é bem conhecido pelo município e a pela Polícia, mas nada fazem para inverter a situação. Os camiões destroem as nossas ruas, rebentam as condutas de água e nós é que sofremos”, disse Juma.
Posto policial pode ser solução
O secretário do bairro de Mussumbuluco, Hilário Mucavele, disse ao “Notícias” que a instalação de um posto policial nas principais ruas que dão acesso aos bairros afectados pode reduzir a circulação de camiões com excesso de carga.
Hilário Mucavele afirmou que a reivindicação dos moradores dos bairros afectados, sobretudo de Mussumbuluco, é legítima porque os camiões de grande tonelagem estão a criar degradação das nossas ruas.
“A reivindicação dos moradores é legítima porque na verdade eles é que sofrem com o problema da degradação das ruas, resultante da circulação de camiões de grande tonelagem que evitam a báscula na EN4”, disse Hilário Mucavele.
De acordo com Mucavele, havia um plano de instalação de um posto policial para o controlo de camiões que, no seu entender, podia reduzir a sua circulação nas ruas daquelas zonas residenciais.
“Havia um plano de montagem de um posto policial para o controlo de camiões que fogem da báscula e usam ruas do interior dos bairros”, disse Mucavele.
Sinalização não compete à polícia
A colocação de postos policiais para o controlo de carros ou sinais de trânsito, em algumas ruas dos bairros de Mussumbuluco, Liqueleva, Matola J e Liberdade, para impedir a circulação de camiões de grande tonelagem não é tarefa da Polícia.
O porta-voz da Polícia na província de Maputo, João Machava, afirmou que o Conselho Municipal e a Administração Nacional de Estradas são entidades competentes para colocar sinais de trânsito ou postos de controlo de viaturas.
“A missão da Polícia é fazer cumprir os sinais de trânsito e não proceder a sua colocação. Se o município colocar os sinais ou a báscula, claramente que nós vamos fazer cumprir a lei”, disse Machava.
João Machava disse ao nosso Jornal que a Polícia está a interagir com as autoridades competentes no sentido de colocar sinais de proibição de circulação de camiões de grande tonelagem em algumas ruas desses bairros. Só depois disso é que a Polícia de Trânsito irá actuar.
Jornal Notícias