A situação torna-se mais preocupante quando se sabe que em certas regiões da província de Nampula, por sinal a mais populosa do país, alguns líderes comunitários que deveriam servir de bom exemplo na prevenção e combate àquelas práticas, são os primeiros a se casarem com menores, isso em conivência com alguns pais e encarregados de educação.
Esta preocupação foi manifestada pelo sector da Mulher e da Acção e Social, organização “Solidariedade Zambézia” em Nampula, Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da Criança e outras organizações sociais que se fizeram representar na primeira conferência provincial sobre casamentos prematuros recentemente realizada na chamada capital do norte.
“É um problema grave e que continua a preocupar o nosso sector, por isso, temos vindo a procurar melhores mecanismo para a sua redução. A prática de casamentos prematuros, associados à prostituição infantil e outros males, prejudicam e minam o desenvolvimento físico e integral das crianças”, enfatizou Lourenço Buene, director provincial da Mulher e Acção Social, em Nampula, falando na abertura do evento.
Buene destacou, na ocasião, o facto de o executivo, juntamente com os seus parceiros, sempre se terem mostrado preocupados com a promoção dos Direitos da Criança de tal modo que, este ano, está programada a realização da Quarta Sessão do Parlamento Infantil Nacional, na qual Nampula será reapresentada por vinte crianças.
Para aquele responsável, o encontro constituiu uma oportunidade para a reflexão crítica e construtiva sobre a responsabilidade do sector da Mulher e Acção Social na garantia da protecção social básica dos grupos populacionais mais vulneráveis na província de Nampula, daí que se esperam resultados positivos daquilo que deve ser o comprometimento da sua instituição na redução deste mal.
Por seu turno, Albino Francisco, coordenador nacional do Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da Criança, classificou os casamentos prematuros como sendo uma das piores formas de violação dos direitos fundamentais humanos e da criança, por esta prática pôr, igualmente, em risco de contrair doenças de transmissão sexual.
O coordenador provincial da organização Solidariedade Zambézia, em Nampula, Manuel Conta, lamentou também o facto de em alguns casos serem os próprios progenitores que incentivam os casamentos prematuros, ao entregar para alegadamente a criança ou adolescente casada conseguir sustentá-los.
Segundo Manuel Conta, na província de Nampula, os distritos que apresentam maiores índices de casamentos prematuros são os de Meconta e Lalaua, onde crianças com 11 anos de idade casam-se até com alguns régulos.
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