Os médicos, em greve desde o dia 20 de Maio último, não devem aceitar serem manipulados por nenhum partido político a nível interno e muito menos por nenhuma força externa contrária aos interesses dos moçambicanos.
O apelo foi lançado ontem, em Maputo, pelo Secretário-geral da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLN), Fernando Faustino, falando em entrevista ao “Notícias”.
A fonte deplorou a atitude tomada pelos médicos ao solicitarem a substituição da equipa indicada pelo Governo para discutir as suas reivindicações. Fernando Faustino lembrou que a Constituição da República prevê o direito de qualquer cidadão moçambicano aderir a uma greve.
Todavia, observou, a greve não deve perturbar a ordem e tranquilidade públicas do país. Disse que os médicos podem ter razão ou não ao reivindicarem a melhoria das suas condições, sobretudo as salariais, mas devem estar lembrados, acima de tudo, que desempenham uma função nobre.
“Eles juraram salvar vidas. Isto significa que eles têm uma grande responsabilidade perante o povo moçambicano. O apelo que nós fazemos é que os médicos regressem aos hospitais para salvarem vidas dos nossos concidadãos. É preciso notar que o Governo moçambicano tem feito todo o esforço no sentido de melhorar as condições de vida não só dos médicos como de todos os funcionários”, disse, sublinhando que a situação salarial deplorável de que se fala não só atinge os médicos mas também a outros grupos sócio-profissionais como professores, a Polícia e as Forças Armadas, etc.
Para Fernando Faustino, o mais importante é que os médicos, através da respectiva associação, continuem a dialogar com o Governo, sem imposição de pré-condições. O que está errado, observou, é que eles digam que não querem conversar com determinados responsáveis governamentais.
“O que deve ser é que eles desenvolvam o diálogo com o Governo com vista a se encontrarem soluções dos seus problemas. Diziam que fariam uma greve de cinco dias e o prazo expirou. Nós pensamos que isso é mau, porque querem fazer com que as pessoas, sobretudo os estrangeiros, pensem que em Moçambique existe instabilidade social”, afirmou.
O Secretário-geral da ACLLN defendeu que após ter anunciado um aumento de 15 por cento para a classe médica, o Executivo prometeu que iria continuar a melhorar as suas condições salariais e de trabalho, o que significa que está ciente das exigências feitas. Apelou para que os médicos compreendam a situação económica e social do país, caracterizada por uma pobreza que ainda afecta muitos compatriotas.
“Mas eu penso que por detrás desta greve deve haver alguns interesses, quer a nível interno, quer externo. Temos ouvido os pronunciamentos de alguns partidos políticos que se aproveitam desta situação para maldizer o Governo. Quem quiser fazer política não se deve aproveitar da greve. E aqui apelamos para que os médicos não aceitem manipulação de nenhum partido político, de nenhuma força estrangeira”, disse, acrescentando que é preciso compreender que o Estado é o maior empregador e, consequentemente, a ginástica é também maior em termos orçamentais, se se considerar que o país ainda continua dependente de donativos e empréstimos externos.
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