Assumindo que os acidentes ferroviários têm vindo a provocar avultados prejuízos ao CFM, a XVII reunião anual de directores da empresa, recentemente realizada em Maputo, recomendou a estrita observância das precauções de velocidade e outras regras impostas pelo regulamento de circulação de comboios, ao mesmo tempo que se comprometeu a melhorar as condições de trabalho em todas as dimensões do sistema.
Do conjunto de desafios estratégicos definidos para o sector, o encontro destacou o aumento da capacidade e expansão da rede ferro-portuária, aliado à sua correcta manutenção, bem como o incremento da capacidade de transporte de passageiros e mercadorias, o que implica o reforço da frota de equipamento de tracção e circulante.
Perante tais desafios, o presidente do Conselho de Administração da empresa, Rosário Mualeia, considera fundamental a reestruturação da organização e o uso sustentável dos recursos disponíveis.
“Precisamos de adoptar boas práticas, incrementar formação permanente e mais qualificação da nossa força de trabalho e valorização do nosso património. Tendo constatado que os descarrilamentos provocam prejuízos elevados à empresa, recomendamos maior rigor em matérias de segurança ferroviária como tarefa que deve constar da agenda de todos”, disse.
Enquanto isso, está confirmada para esta semana o restabelecimento do tráfego ferroviário na linha férrea de Ressano Garcia, fechada desde meados de Fevereiro último em consequência de um acidente que culminou com a destruição de uma ponte ferroviária no Km 26,9, próximo da localidade de Tenga, província do Maputo.
Segundo João Mabota, director de Engenharia dos CFM, foram já concluídos os trabalhos de montagem da estrutura da nova ponte, nomeadamente a colocação da plataforma onde deverão ser afixadas as travessas, os carris e o balastro.
O restabelecimento do tráfego na linha de Ressano vai colocar ponto final a restrições que vêm marcando o escoamento de mercadorias do Porto de Maputo para a África do Sul e vice/versa, situação que penaliza vários intervenientes na cadeia de negócios, desde os importadores e exportadores, passando pelas empresas transitórias, o Porto de Maputo, e todo o vasto conjunto de firmas provedoras de serviços relacionados com o comércio internacional.
Dados confirmados ontem à nossa Reportagem por fonte portuária referem-se a “prejuízos avultados” acumulados em consequência da interrupção do tráfego nas linhas do Limpopo e de Ressano Garcia, esta última responsável por cerca de 70 por cento da carga manuseada no Porto de Maputo.
Relativamente à linha do Limpopo, entretanto já aberta à circulação de comboios, a nossa Reportagem apurou que a mesma vai receber tráfego com restrições durante os próximos tempos, embora seja muita a demanda de carga que ficou acumulada tanto em Maputo, sobretudo no porto, como no Zimbabwe, em Chicualacuala, Mapai, Mabalane, Combomune, Chókwè e outros pontos habitualmente servidos pelo comboio para escoar a produção local e abastecer os respectivos mercados de produtos não laborados localmente.
A linha do Limpopo é fundamental para o Zimbabwe uma vez que a mesma garante algumas das importações mais importantes daquele país, nomeadamente o combustível.