Nos locais onde os médicos primaram pela ausência, eram notórias longas filas de gente à espera de atendimento e noutros, os profissionais que foram trabalhar tiveram que redobrar esforços para cuidar dos enfermos.
Doentes desesperados em Maputo
Manica: Apenas oito aderentes
Pelo menos oito médicos, todos de clínica geral, aderiram a greve em Manica, convocada a nível nacional para reivindicar o reajustamento incondicional dos seus salários.
O director provincial da saúde em Manica, Juvenaldo Amós, minimiza o problema e considera que a ausência daqueles profissionais, não abala, por enquanto, o funcionamento do serviço nacional de saúde na província que possui 40 médicos e até ontem apenas oito haviam gazetado os seus postos de trabalho.
Dos grevistas, Manica registou 3, ao nível da cidade de Chimoio, particularmente do Hospital provincial e cinco em três distritos, nomeadamente um em Machaze, dois em Báruè e 2 em Sussundenga.
Para Amós, o impacto destas ausências é mínimo e quase imperceptível, pois, na sua óptica, mais de 60 por cento dos médicos em serviço nas unidades sanitárias da província são estrangeiros e todos estes não estão em greve. Por outro lado, nenhum especialista está em greve.
“Os hospitais estão em funcionamento pleno, em toda a província. O Banco de Socorros do Hospital Provincial de Chimoio, as consultas externas, o bloco operatório e todos os outros serviços essenciais estão a funcionar sem sobressaltos”, garantiu.
Indicou que em caso de necessidade poderá ser resgatada a experiencia dos técnicos de medicina para preencher as lacunas.
A província de Manica, com 106 unidades sanitárias e 1,6 milhão de habitantes, possui médicos em todas as sedes distritais e do poston administrativo de Vandúzi, no distrito de Manica.
Médicos ignoram movimento em Nampula
A paralisação laboral dos médicos não se reflecte nas unidades sanitárias da província de Nampula, onde as autoridades locais da saúde observam que apenas menos de uma dezena dos 129 membros da classe não se fez aos seus postos de trabalho, estando o atendimento aos pacientes a verificar-se com normalidade ao nível de todos serviços hospitalares.
A nossa reportagem apurou que os cerca de dez médicos que pautaram pela ausência são membros da representação local da Associação Médica de Moçambique e estão afectos ao Hospital Central de Nampula e no geral de Marrere, arredores da capital provincial.
Mahomed Mobaracaly, director provincial da saúde em Nampula, garantiu depois de auscultar as autoridades sanitárias nos 21 distritos que não se registaram médicos faltosos no dia de ontem, “e todos serviços prestados aos utentes nas nossas unidades funcionaram dentro na normalidade”- disse.
Todos 21 distritos de Nampula contam com médicos havendo alguns que pela sua densidade populacional contam com mais de um profissional daquele nível incluindo Nacala-Porto com um total de oito entre especialistas e generalistas.
Moisés Lopes, director do hospital central de Nampula que assiste pacientes transferidos das províncias do norte, incluindo da Zambézia no centro, disse que os serviços de urgência e de consultas externas processou-se com normalidade no dia de ontem, apesar de alguns médicos generalistas e de clínica geral, dentre os quais recém- graduados e uma especialista em pediatria terem pautado pela ausência.
Aos ausentes, serão averbadas faltas segundo reza o manual dos funcionários e agentes do Estado.
“O hospital central de Nampula tem nos seus quadros cerca de 80 médicos estrangeiros. Como já prevíamos a paralisação anunciada pela Associação Médica de Moçambique esboçamos preventivamente a movimentação dos 80 médicos visando cobrir todos serviços e conseguimos alcançar os nossos objectivos, pois, basta dizer que todas as cirurgias programadas estão sendo efectuadas com normalidade assim como o atendimento personalizado”, disse.
Entretanto, apuramos na ronda que efectuamos as clínicas privadas que funcionam na cidade de Nampula registavam um movimento desusado porque alguns utentes preferiram dirigir-se a aqueles locais temendo longas filas nas unidades sanitárias públicas que entretanto não chegaram a registar-se.