Enquanto isso, perto de 100 moçambicanos estão entre os cerca de 200 trabalhadores que tentaram regressar ao trabalho após as festas, alegando que não tomaram conhecimento da decisão da companhia de adiar o reinício das actividades. Entretanto, a porta-voz do Grupo Harmony Gold Mine, proprietário da mina, Marian van der Walt, é citado na edição de ontem do jornal sul-africano “Business Report”, a afirmar que a informação sobre o encerramento temporário da mina foi atempadamente comunicada aos trabalhadores através da comunicação social e das organizações sindicais a que estão filiados.
Adelino Espanha, delegado do Ministério do Trabalho, na África do Sul, confirma a presença de moçambicanos entre os trabalhadores que tentaram regressar ao trabalho após as festas, ressalvando que as autoridades moçambicanas já encetaram diligências junto da direcção da companhia de modo a assegurar que o grupo receba a necessária protecção e acompanhamento.
“A direcção da mina já nos garantiu que vai custear as despesas com o regresso dos moçambicanos para o país, e que uma vez em Moçambique vão continuar a receber os seus salários. Estamos a monitorar a situação”, disse Adelino Espanha, contactado telefonicamente, ontem, pela nossa Reportagem.
Para a nossa fonte, a decisão da direcção da mina de adiar o reinício das actividades é prudente uma vez que ela visa salvaguardar a saúde e integridade física dos trabalhadores, considerando o ambiente de tensão que se vive naquela comunidade mineira.
“Tudo tem a ver com as disputas que opõe dois grupos sindicais, nomeadamente o NUM, Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Minas, e o AMPCU, que congrega trabalhadores dos sectores das minas e construção. O NUM congrega cerca de 90 por cento dos trabalhadores do sector de minas mas ultimamente tem estado a perder espaço devido às promessas associadas ao surgimento do novo sindicato, o AMPCU”, explica Adelino Espanha.
Sobre o historial recente de conflitos naquela mina, a nossa fonte conta que a 14 de Dezembro de 2012 mais de 500 mineiros decidiram manifestar-se em pleno subsolo, recusando-se a sair da mina no final do seu turno de trabalho que decorreu das 6.00 às 14.00 horas. Segundo Espanha, o grupo que devia ter entrado para o trabalho às 14.00 horas acabou não descendo após a intervenção da Polícia, uma vez que pretendia juntar-se aos manifestantes que se encontravam no subsolo.
Na sequência desta situação, a direcção da mina terá aberto processos disciplinares contra os cerca de 500 trabalhadores manifestantes, os quais só não resultaram na sua ordem de expulsão, a 21 de Dezembro, por um outro grupo de trabalhadores ter se manifestado, igualmente no subsolo, em solidariedade com os seus colegas que estavam na iminência de ser despedidos.
“Os trabalhadores moçambicanos estão a ser recomendados no sentido de não regressar à África do Sul, e esperarem no país até que sejam dadas novas instruções. Em Moçambique estes compatriotas devem procurar contactar regularmente as representações da TEBA em todo o país, para saber novidades e actualizar a sua situação como trabalhadores”, explica Adelino Espanha.
Segundo estimativas avançadas pela Imprensa sul-africana, na sequência da violência que marca o ambiente na Kusasalethu Mine, o grupo Harmony registou perdas estimadas em 25 mil onças de produção aurífera.