Face ao cenário, o Ministério da Saúde (MISAU) enaltece o papel dos médicos que logo nas primeiras horas se apresentaram aos seus postos de trabalho ao mesmo tempo que apela aos que ainda continuam em greve no sentido de retomarem as actividades.
Martinho Djedje, porta-voz do MISAU, acrescentou que os profissionais devem voltar a cuidar dos doentes, seguros de que as suas preocupações foram ouvidas e estão ser devidamente encaminhadas, havendo já discussões a nível do Governo para a solução dos mesmos.
Falando ao nosso Jornal, o também director dos Recursos Humanos no MISAU garantiu que todas as unidades sanitárias do país abriram ontem, embora a oferta de serviços médicos tenha sido comprometida num e noutro hospital.
Convidou os médicos que ontem faltaram para que reflictam e se recordem dos esforços que têm sido feitos pelo Estado para a melhoria contínua da sua formação académica e profissional através de bolsas para cursos no país e no estrangeiro, o que inclui trabalhos práticos em alguns hospitais de referência a nível do mundo.
Devido à ausência de médicos, os hospitais gerais José Macamo e Mavalane, na cidade de Maputo, por exemplo, não ofereceram alguns serviços. No primeiro foram afectadas as áreas de Pediatria e consultas externas. Já em Mavalane, embora se tenham garantido os serviços de urgências, maternidade e ronda matinal pelas enfermarias, todas consultas de especialidade foram canceladas devido à ausência daqueles profissionais, de acordo com as respectivas direcções clínicas.
O Hospital Central de Maputo precisou do apoio de médicos do Hospital Militar para assegurar os serviços de urgências, onde durante o período de manhã três dos cinco balcões é que funcionavam. Dois estavam fechados, parcialmente devido a não comparência de médicos estagiários, alegadamente por terem sido impedidos de ir trabalhar por parte da associação.
De Nampula, Cabo Delgado e Niassa chegaram-nos dados de não adesão dos médicos à paralisação.
Há ainda indicação de 16 médicos que não se apresentaram na Beira, 13 dos quais do Hospital Central local, seis em Inhambane e um clima de desespero de doentes na província de Maputo devido à falta de atendimento.
Entretanto, Paulo Samo Gudo, porta-voz da AMM evitou pronunciar-se ontem, remetendo a reacção daquela colectividade de médicos para hoje.
Por sua vez, Aurélio Zilhão, bastonário da Ordem dos Médicos de Moçambique, reafirmou a solidariedade da sua instituição para com as preocupações da classe, mas disse acreditar que a greve ocorreu antes de se esgotarem as demais vias para a resolução dos problemas