O edil local, Rogério Gaspar, está cansando com a pressão dos munícipes, tanto mais que dar água de qualidade fazia parte do seu manifesto eleitoral e na recente visita do ministro das Obras Públicas e Habitação, Cadmiel Muthemba, pediu apoio do governo central para a solução daquele problema.
As obras de emergência, que iniciaram em finais de Setembro último, consistem, fundamentalmente, em intervenções consideradas pontuais, como por exemplo, reabilitação da estação de tratamento, colocação de novas bombas, sistema de decantação de água de forma a fornecer o precioso líquido 24 horas e aumentar a produção dos actuais 1.300 para 2.880 metros cúbicos, bem como efectuar 807 novas ligações.
O fiscal da MCC-Moçambique afecto à obra, Manuel Roía explicou ao ministro das Obras Públicas e Habitação que o trabalho em curso poderá aumentar a cobertura em 20 por cento, mas isso não vai resolver o problema da crise da falta de água que assola a segunda maior urbe da província da Zambézia.
As obras de emergência, que estão a ser executadas por uma empresa polaca a PBG SAS, têm como previsão para sua conclusão em Março do próximo ano. O ministro das Obras Públicas e Habitação esteve na estação de captação e bombagem para se inteirar do trabalho, tendo ficado sensibilizado com o problema visto que teve a oportunidade de ver “in loco” o drama da crise de água porque no local havia vários munícipes a disputarem o espaço, dado que uns lavavam a roupa e loiça, outros tomavam banho e tiravam água para as suas necessidades diárias.
O Presidente do Concelho Municipal de Mocuba, Rogério Gaspar, disse ao ministro que a situação da saúde pública é extremamente grave devido à falta de água e se medidas urgentes não forem tomadas as doenças diarreicas e outras poderão afectar a vida dos munícipes.
Rede Obsoleta
Segundo Rogério Gaspar, a actual rede considerada obsoleta está ser gerida pela empresa Água de Mocuba que enfrenta vários problemas de gestão do sistema, para além que a mesma funciona a conta-gotas, ou seja; se jorrar água hoje nas torneiras dos munícipes podem ficar noutros dias ou meses sem água, sendo o único recurso rios Licungo e Lugela que atravessam a urbe.
O Concelho Municipal local tem apoiado a empresa na compra de algumas componentes, nomeadamente, electrobombas, cloro para o tratamento de água, entre outros. Todavia, o sistema está constantemente a avariar, o que tira sono ao executivo de Rogério Gaspar, que desta vez quis dizer tudo o que sentia ao ministro das Obras Públicas e Habitação ao afirmar que a reabilitação não vai resolver a promessa de levar água de qualidade aos munícipes daquela urbe.
Na estação de captação e bombagem a nossa Reportagem conversou com alguns munícipes que explicarem como tem vivido a crise da falta de água. Juleica Abdul, 30 anos de idade, encontrava-se no local com a filha com dois recipientes para tirar água no rio Lugela.
A nossa fonte explicou que a água depois de retirada no rio mesmo fervido e tratado com Certeza não muda de cloração. “Se nos prometeram água durante a campanha eleitoral, então é obrigação do governo resolver o problema; não há desculpas aqui”, disse a nossa entrevistada visivelmente agastada com a situação.
Um outro munícipe abordado pela nossa Reportagem no local é Julião Marques de Azevedo, empresário de restauração. Afirmou que nas torneiras do seu restaurante não jorra água há 20 anos e viu-se obrigado a montar um sistema para fornecimento de água. Disse que mesmo assim, para o referido sistema funcionar é preciso ir com o seu tractor e tambores maiores no rio Licungo para tirar água que depois é canalizado ao sistema. “Já tive clientes que compraram água mineral para tomar banho porque desconfiaram a água que saía do chuveiro”, disse Azevedo, que acrescentou que a situação da falta de água em Mocuba é grave.