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Mais de 1,5 milhão de pessoas podem enfrentar pobreza até 2050 devido a mudanças climáticas

Mais de 1,5 milhões de moçambicanos poderão ser empurrados para a pobreza até 2050, consequência dos impactos combinados dos choques climáticos e da degradação ambiental.

A afirmação foi feita por Salim Valá, Ministro do Planeamento e Desenvolvimento, durante a Conferência Nacional de Financiamento Climático, realizada na capital moçambicana.

O ministro advertiu que o plano de contingência do governo para a época chuvosa de 2025-2026 apresenta um défice de oito mil milhões de meticais, o que corresponde a 125,1 milhões de dólares americanos ao câmbio actual. Este dado alarmante levanta sérias preocupações sobre a capacidade do país em assegurar a resiliência climática necessária.

Valá sublinhou que Moçambique deverá mobilizar cerca de 37,2 mil milhões de dólares até 2030 para alcançar uma resiliência climática que inclua o capital humano, físico e natural. O ministro enfatizou que a incapacidade de reunir os recursos necessários poderá resultar num aumento significativo do número de pessoas em situação de vulnerabilidade social nas próximas décadas.

O ministro também fez referência a experiências bem-sucedidas que podem servir como pontos de referência, nomeadamente o mercado de carbono, que já se encontra em desenvolvimento no país, fruto de uma parceria com a Iniciativa Africana dos Mercados de Carbono. A colaboração visa o lançamento do “Plano de Activação do Mercado Nacional de Carbono”, posicionando Moçambique como potencial líder regional neste sector.

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Outro exemplo destacado foi a troca de dívida com a Bélgica, que converteu 2,4 milhões de euros em investimento climático. Valá considerou que a iniciativa exemplifica como a diplomacia económica pode gerar impactos ambientais e sociais positivos concretos.

Por último, o ministro observou que Cabo Verde surge como um exemplo inspirador ao negociar trocas de dívida soberana para acções climáticas, convertendo obrigações financeiras em investimentos para a transição energética e a economia azul, contribuindo assim para fundos de resiliência nacional e promovendo a sustentabilidade financeira e a autonomia no desenvolvimento.