Um grupo de seis organizações humanitárias dedicadas à protecção dos direitos das crianças em Moçambique formalizou na capital, um memorando de entendimento com o objectivo de erradicar a violência contra menores.
As entidades envolvidas são a ChildFund International, Plan International, Save the Children International, SOS Children’s Villages, Terre des Hommes e World Vision International.
Esta iniciativa surge no âmbito da plataforma “Aliança Juntando Forças pelas Crianças”. Os signatários pretendem unir esforços para promover compromissos políticos renovados em defesa dos direitos da criança, alinhando-se aos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Durante a cerimónia de assinatura, Ilaria Manuza, directora nacional da Save the Children, sublinhou que o evento simboliza não apenas a assinatura de um documento, mas a formalização de uma aliança comprometida com o futuro das crianças. “O nosso objectivo é erradicar a violência contra as crianças, proporcionando um futuro justo para todas. Esta aliança demonstra o poder da colaboração”, afirmou.
Harrisson Ruben, director nacional da ChildFund, salientou a importância de reflectir sobre o futuro que está a ser construído para as novas gerações, realçando que cada criança nascida hoje será influenciada pelo mundo que os adultos moldam. “Nenhuma organização consegue enfrentar estes desafios sozinha”, defendeu, citando um provérbio africano que preconiza a força da união.
Paolo Massaro, director da Terre des Hommes, reconheceu que a missão será um desafio, mas acredita que a união entre as organizações poderá resultar em “benefícios enormes”. Ele lembrou as palavras do fundador da sua organização, Edmond Kaiser, que defendia o compromisso de assistência a qualquer criança em situação de vulnerabilidade, sem discriminação.
Cyprian Chawatana, director interino da World Vision, constatou que a aliança surge num momento crítico, em que as crianças enfrentam diversos desafios, desde as crises climáticas a conflitos e pandemias, incluindo a elevada inflação. Ele enfatizou a necessidade de explorar modelos eficazes para criar um ambiente favorável à protecção dos direitos infantis.
Luís Paulo, director interino da Plan International, considerou a assinatura um marco significativo para a concretização dos objectivos comuns das organizações envolvidas. Referiu que, segundo dados do UNICEF, as crianças representam metade da população moçambicana e que, apesar dos atrasos na implementação da aliança, este é um momento propício para agir face à urgência dos desafios que as crianças enfrentam.
A aliança é particularmente relevante num contexto em que cerca de 77% das crianças em Moçambique vivem em situação de pobreza, conforme revela o relatório “Pobreza infantil multidimensional em Moçambique 2014/15-2022”, elaborado pelo UNICEF.