Os procuradores da República Democrática do Congo (RDCongo) anunciaram a retirada do pedido de pena de morte para o ex-Presidente Joseph Kabila, optando agora por solicitar prisão perpétua e uma indemnização de aproximadamente 25 mil milhões de euros.
Durante a audiência do julgamento à revelia de Kabila, que enfrenta acusações graves incluindo traição, participação em um movimento insurrecional, crimes contra a paz e a segurança da humanidade, homicídio doloso, violação e tortura, os procuradores desistiram de chamar três testemunhas cujas presenças tinham motivado a reabertura do caso, citando preocupações com a segurança.
O procurador civil Richard Bondo comentou: “Era a nossa responsabilidade citar as testemunhas, mas houve um problema de segurança. Dado o grande número de testemunhos, acreditamos que nesta fase podemos contribuir com os avanços necessários para que o que foi estabelecido contra o arguido constitua a sua condenação além de qualquer dúvida razoável.”
Joseph Mutombo, presidente do tribunal militar, afirmou que o tribunal se sente “suficientemente informado” e que a sua decisão será anunciada “dentro do prazo legal”, sem especificar uma data.
Kabila, que está a ser julgado à revelia desde 25 de julho, tinha sido alvo de um pedido de pena de morte por parte do auditor-geral das Forças Armadas da RDCongo, o general Lucien René Likulia, que o acusou de ser o mentor intelectual da violência perpetrada pelo Movimento 23 de Março (M23) no leste do país.
Em 22 de Maio, o Senado retirou a imunidade de Kabila, seguindo uma solicitação do Ministério Público militar, com base no suposto apoio ao grupo rebelde, acusado de receber apoio do Ruanda. O ex-Presidente, que é senador vitalício, criticou a “deriva autoritária” e o “colapso das instituições” do país em um discurso à nação, feito a partir de um local desconhecido.
No mês de Abril, o governo suspendeu as actividades do Partido Popular para a Reconstrução e a Democracia (PPRD), que Kabila lidera, e ordenou a apreensão dos seus bens, sob a acusação de colaboração com o M23.
Após 17 anos no poder, Kabila manteve-se em silêncio desde que deixou o cargo em 2019, tendo estado fora da RDCongo desde o final de 2023, principalmente na África do Sul.
No entanto, em abril, anunciou o seu regresso com a intenção de contribuir para a solução da crise no leste do país. Em Maio, viajou para Goma, uma cidade estratégica no Kivu do Norte, que está sob controle do M23 desde janeiro, sendo recebido nas redes sociais com uma mensagem de boas-vindas às “zonas libertadas”.