O Ministério Público da Polónia deu início a uma investigação preliminar após o eurodeputado de extrema-direita Grzegorz Braun ter classificado as câmaras de gás do campo de extermínio nazi de Auschwitz como uma “farsa”. Braun, de 58 anos, já enfrentou acusações de antissemitismo no passado.
Em 2023, o deputado polaco apagou as velas de uma celebração religiosa judaica, o Hanukkah, no Parlamento Europeu, utilizando um extintor de incêndio. Braun, membro do partido Confederação da Coroa Polaca, foi candidato à presidência na Polónia, onde obteve mais de 6% dos votos na primeira volta das eleições realizadas no início do ano.
Na última quinta-feira (10), durante uma entrevista à rádio polaca Wnet, o eurodeputado fez declarações controversas, afirmando que “o assassínio ritual foi um facto e Auschwitz e as câmaras de gás foram, infelizmente, uma farsa”. Após tais declarações, o jornalista que conduzia a emissão encerrou imediatamente a entrevista.
Historicamente, alguns cristãos da Europa medieval alimentaram a crença de que os judeus assassinavam cristãos para a utilização ritual do seu sangue, uma acusação que, segundo historiadores, não tem qualquer fundamento na lei religiosa judaica nem em factos históricos, reflectindo, na verdade, a hostilidade contra os judeus.
Hoje, Piotr Antoni Skiba, porta-voz do Ministério Público polaco, confirmou que os procuradores estão a investigar a potencial negação por Braun dos crimes nazis cometidos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O director do museu de Auschwitz, Piotr Cywinski, anunciou que irá apresentar uma queixa separada ao Ministério Público.
Na Polónia, a negação da existência das câmaras de gás nazis não é apenas considerada uma manifestação de antissemitismo, mas é também um crime punível pela lei. Estima-se que as forças nazis alemãs tenham assassinado cerca de 1,1 milhões de pessoas no complexo de extermínio de Auschwitz, localizado no sul da Polónia, sob ocupação alemã durante o conflito.
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, qualificou as palavras de Braun como uma vergonha. “Temos de fazer tudo para que ninguém no mundo associe a Polónia a estas pessoas, a estas caras e a estas ações”, declarou o chefe do Governo polaco.