Sociedade Estudo alerta para danos ambientais irreversíveis devido ao gás do Rovuma

Estudo alerta para danos ambientais irreversíveis devido ao gás do Rovuma

Um recente relatório, elaborado por um consórcio de organizações dedicadas à defesa ambiental, incluindo a Justiça Ambiental e a Natural Justice, alerta para os riscos ambientais associados aos megaprojectos de gás na Bacia do Rovuma. 

O documento aponta a possibilidade de danos irreversíveis ao ambiente, que poderão acelerar a crise climática.

Segundo o estudo, as avaliações de impacto ambiental realizadas até agora são insuficientes e não refletem a verdadeira magnitude dos danos potenciais aos ecossistemas e ao clima global. Apesar de um dos projectos, o Coral Sul, na Área 4 da bacia do Rovuma, já estar em operação, as ameaças acumuladas pela exploração de gás natural na região estão a ser subestimadas.

Os autores do relatório, Joshua Dimon e Chris Engelbrecht, sublinham que existem “sérias lacunas científicas” no conhecimento sobre a biodiversidade marinha e terrestre da área, e afirmam que as avaliações ambientais falham em considerar adequadamente esses riscos. O estudo ainda destaca a ausência de dados confiáveis para avaliar com precisão os impactos combinados da exploração de gás natural e das alterações climáticas.

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Em resposta a estas preocupações, os autores defendem a aplicação imediata do “Princípio da Precaução” e recomendam uma moratória sobre os projectos até que os impactos ecológicos e climáticos sejam compreendidos de forma mais abrangente.

Entre os riscos identificados, o relatório menciona a possibilidade de danos irreversíveis a espécies e habitats pouco estudados, a introdução de espécies invasoras através de navios de gás natural liquefeito (LNG) e a poluição química e acústica do ambiente marinho. As emissões de gases com efeito de estufa decorrentes das operações podem equivaler a até 17% do orçamento global de carbono necessário para manter o aquecimento abaixo de 1,5ºC.

Adicionalmente, o documento critica a falta de aplicação do princípio do “Não Causar Dano” e a escassez de informações robustas sobre a toxicidade da condensação de gás e seus efeitos na vida marinha. Na ausência de dados sólidos e transparentes, os autores alertam que qualquer aprovação ou continuidade dos projectos representa um risco elevado para a biodiversidade, os ecossistemas costeiros e o clima global.