A Polícia da República de Moçambique (PRM) voltou a impedir no sábado, uma manifestação em Nampula contra a persistente crise de combustível que afecta a província, bem como o silêncio das autoridades governamentais sobre a escassez que já se prolonga há mais de dois meses.
Apesar de os organizadores garantirem o cumprimento da lei, a PRM justificou a sua intervenção alegando, uma vez mais, a falta de condições para a realização do evento.
A manifestação, que foi amplamente divulgada nas redes sociais ao longo da semana, havia sido convocada por um grupo de jovens activistas sociais e defensores dos direitos humanos. O protesto estava previsto para a manhã de sábado, com início no mercado grossista do Waresta, o maior estabelecimento comercial do norte de Moçambique. O percurso incluía várias ruas da cidade e culminaria com a entrega de um pedido formal de esclarecimento ao executivo provincial.
No entanto, tal como aconteceu com a primeira tentativa de manifestação, frustrada no início do mês de Maio, a Polícia bloqueou novamente a iniciativa. Agentes da PRM foram destacados para o mercado Waresta, onde estabeleceram barreiras e impediram a concentração dos manifestantes que se mobilizavam para iniciar a marcha.
O comportamento pacífico e ordeiro dos organizadores e participantes foi crucial para evitar confrontos e detenções, apesar de a força policial se encontrar preparada para reagir a eventuais distúrbios. Sismo Muchaiabande, activista social e defensor dos direitos humanos, que liderava a manifestação, expressou o seu lamento perante o impedimento.
“O que nos espanta é que dirigimos a carta ao município, não à PRM. Esperávamos uma resposta do município, a quem nos dirigimos. A PRM apenas foi informada. No terreno, havia pessoas prontas para marchar, mas, sem condições, ficaram isoladas”, lamentou Muchaiabande, criticando como o direito à manifestação está a ser cerceado.