O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, desvalorizou as tréguas recentemente propostas pelo seu homólogo russo, Vladimir Putin, que incluem um cessar-fogo entre os dias 8 e 10 de Maio.
Zelensky considera que os prazos apresentados são demasiado curtos para a realização de conversações significativas.
“É impossível chegar a acordo sobre qualquer coisa em três, cinco ou sete dias. Sejamos honestos. É uma actuação teatral da parte dele [Putin]”, afirmou Zelensky durante uma conversa com um pequeno grupo de jornalistas, incluindo representantes da agência de notícias France-Presse (AFP). A declaração foi feita na noite de sexta-feira, mas estava sob embargo até hoje.
O líder ucraniano enfatizou a dificuldade de estabelecer um plano que possa delinear os próximos passos para o fim da guerra iniciada pela Rússia em Fevereiro de 2022, considerando que “não parece ser sério” discutir uma solução viável em tão curto espaço de tempo.
Zelensky também manifestou a sua recusa em contribuir para o que descreveu como um “jogo” de Putin, que visa melhorar a sua imagem internacional durante as celebrações em Moscovo que marcam os 80 anos da vitória sobre a Alemanha nazi, a ocorrer no dia 9 de Maio. Líderes de cerca de 20 países, incluindo os presidentes da China, Xi Jinping, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, estão previstos para se juntar a Putin na Praça Vermelha, juntamente com aliados tradicionais de Moscovo, como Cazaquistão, Bielorrússia, Cuba e Venezuela.
O Presidente ucraniano alertou ainda que Kyiv não poderá garantir a segurança dos líderes internacionais presentes nas celebrações, mencionando que “não sabemos o que a Rússia vai fazer nessa data. Poderá tomar várias medidas, como incêndios ou explosões, e depois acusar-nos”.
Zelensky reiterou que a Ucrânia exige um “cessar-fogo total e incondicional” como condição prévia para qualquer diálogo com a Rússia. Por sua vez, Moscovo afirmou estar disposto a negociar, mas mostra relutância em aceitar um cessar-fogo prolongado, temendo que isso permita a Kyiv recuperar forças com o apoio de aliados ocidentais.