Em um desenvolvimento significativo nas negociações de paz, uma delegação do Hamas está actualmente em Cairo para dialogar com emissários egípcios e do Qatar, que, juntamente com os Estados Unidos, estão a mediar esforços para a implementação de uma trégua na Faixa de Gaza.
Durante uma conferência de imprensa nesta segunda-feira, o alto dirigente do Hamas, Taher al-Nounou, declarou que o movimento palestiniano está preparado para libertar todos os reféns israelitas se Israel se comprometer a encerrar as hostilidades na região. “Estamos dispostos a libertar todos os reféns israelitas no âmbito de um verdadeiro acordo de troca de prisioneiros, em troca do fim da guerra, da retirada das forças israelitas da Faixa de Gaza e da entrada de ajuda humanitária”, afirmou al-Nounou à agência de notícias AFP.
Entretanto, o dirigente acusou Israel de obstruir os esforços para alcançar um cessar-fogo, sublinhando que “o problema não é o número de reféns a libertar, mas sim o facto de Israel estar a renegar os seus compromissos, bloqueando a implementação do acordo de cessar-fogo e continuando a guerra”. Al-Nounou enfatizou a necessidade de garantias para assegurar que Israel respeite os termos acordados.
De acordo com informações do portal de notícias israelita Ynet, foi proposta uma nova oferta ao Hamas, que contempla a libertação de 10 reféns vivos em troca de garantias norte-americanas de que Israel iniciaria negociações sobre uma segunda fase do cessar-fogo. Na primeira fase das tréguas, que decorreu entre 19 de Janeiro e 17 de Março, foram libertados 33 reféns, dos quais oito foram confirmados mortos, enquanto Israel libertou cerca de 1.800 prisioneiros palestinianos.
Até ao momento, os esforços para restaurar a trégua têm sido obstaculizados por divergências sobre o número de reféns que o Hamas deve libertar. Al-Nounou também reiterou que o Hamas não se desarmará, uma condição imposta por Israel para o término das hostilidades. “As armas da resistência não são objecto de negociação”, salientou.
A escalada do conflito em Gaza teve início após um ataque sem precedentes do Hamas ao sul de Israel em 7 de Outubro de 2023, que resultou na morte de 1.218 israelitas, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. Desde então, 251 pessoas foram sequestradas, das quais 58 ainda se encontram detidas em Gaza, com 34 confirmadas como mortas.
Por sua vez, o Ministério da Saúde do Hamas informou que pelo menos 1.574 palestinianos perderam a vida desde o reinício das operações militares israelitas a 18 de Março, elevando o número total de mortos em Gaza desde o início da resposta israelita, há 18 meses, para 50.944.