O Tribunal Constitucional da Roménia anunciou, através de um comunicado de imprensa, que irá reunir-se para analisar o recurso apresentado por Georgescu, um candidato que se destacou nas sondagens para as presidenciais de Maio com cerca de 40% de intenções de voto.
Georgescu, de 62 anos, interpôs o recurso um dia após a Comissão Eleitoral ter rejeitado a sua candidatura, decisão que gerou uma onda de protestos entre os seus apoiantes.
A Comissão Eleitoral, que não forneceu explicações para a sua deliberação, limitou-se a invalidar a candidatura, levando Georgescu a descrever a situação como “um golpe directo na democracia mundial” e a afirmar que “a Europa é agora uma ditadura”, alegando que a Roménia vive sob “a tirania”.
O recurso para o Tribunal Constitucional era uma possibilidade prevista na legislação, o que foi accionado por Georgescu. O político, que até então era um nome relativamente desconhecido no panorama político romeno, viu a sua popularidade disparar após a primeira volta das eleições presidenciais, marcada para 24 de Novembro de 2024.
George Simion, um dos aliados mais próximos de Georgescu e líder da Aliança para a Unidade dos Romenos, uma força política de extrema-direita, qualificou a decisão da Comissão Eleitoral como um “golpe de Estado”. Simion argumentou que “a Comissão Eleitoral não tem o direito de rejeitar um candidato quando todos os requisitos documentais estão cumpridos”, acrescentando a sua confiança de que todas as condições necessárias para a candidatura foram respeitadas.
A situação política na Roménia tem estado marcada por tensões desde a anulação das eleições pela Comissão Eleitoral, que citou um acórdão do Tribunal Constitucional de 2024 relacionados com alegações de fraudes eleitorais e uma suposta campanha coordenada da Rússia em apoio a Georgescu, que se apresentou como candidato independente.
Na mesma reunião, a Comissão Eleitoral expressou que seria “inaceitável” considerar o mesmo indivíduo elegível para a presidência em um processo eleitoral reiniciado. A decisão de anular os resultados da primeira volta foi tomada apenas dois dias antes da realização da segunda volta, agendada para 08 de Dezembro.
Nas últimas semanas, dezenas de milhares de apoiantes de Georgescu têm saído para as ruas em protesto, enquanto as autoridades alertam para “uma série de acções híbridas” atribuídas a Moscovo. O candidato foi também acusado de beneficiar de uma campanha ilícita de apoio na rede social TikTok e de incitar à perturbação da ordem constitucional.
No domingo, centenas de manifestantes reuniram-se em Bucareste, levantando bandeiras romenas e gritando palavras de ordem como “ladrões!” e “o último recurso é outra revolução!”. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Georgescu apelou à calma entre os seus apoiantes, numa tentativa de manter a ordem em meio à crescente agitação.
