O número de novos episódios de tuberculose (TB) diagnosticados em Moçambique apresentou uma redução significativa em 2023, com 107.325 casos registados, face aos 116.917 do ano anterior.
Esta tendência, segundo a directora do Programa Nacional de Controlo da Tuberculose no Ministério da Saúde, Benedita José, pode ser atribuída a diversos factores, incluindo as greves recorrentes dos profissionais de saúde, que impactaram negativamente o rastreio de pacientes nas unidades sanitárias.
Além disso, os últimos três meses de 2023 foram marcados por manifestações pós-eleitorais violentas, que dificultaram a circulação de pessoas e o acesso aos hospitais, prejudicando ainda mais o diagnóstico e tratamento da doença. Benedita José destacou que as intervenções de rastreio em comunidades das províncias de Sofala, Zambézia, Tete e Nampula foram interrompidas devido ao término de um projecto, o que pode ter contribuído para a queda no número de casos detectados.
Apesar da redução no número de diagnósticos, Moçambique regista uma taxa de sucesso no tratamento da tuberculose de 95%, superando os 90% recomendados pela Organização Mundial da Saúde. A responsável pelo programa explicou que este cenário positivo é em parte devido à implementação de tratamento preventivo para pacientes com HIV e crianças menores de 15 anos que vivem com familiares infectados.
“Estes factores contribuem para a redução de novas infecções, daí a necessidade de um estudo para determinar o que influenciou os resultados do ano passado”, afirmou Benedita José, durante uma entrevista ao jornal “Notícias”, em alusão ao Dia Mundial contra a Tuberculose, celebrado hoje.
O Ministério da Saúde garante uma taxa de cobertura de serviços de rastreio e tratamento da TB em torno de 96%. Contudo, persistem desafios significativos para a prevenção e tratamento da doença, nomeadamente o estigma e discriminação enfrentados pelos doentes, frequentemente associados a mitos e tabus sociais.
Outro aspecto preocupante é o aumento do índice de tuberculose resistente a medicamentos, que se deve à insuficiência de laboratórios de diagnóstico adequados. A província de Gaza destaca-se como uma das áreas mais alarmantes, devido à elevada taxa de resistência e à falta de adesão ao tratamento por parte dos pacientes.