Mais de 80 pacientes beneficiaram de cirurgias para a remoção de cataratas nos Serviços de Oftalmologia do Hospital Central de Nampula (HCN), no âmbito de uma campanha dedicada à correcção da visão, inserida nos 100 dias de governação.
A iniciativa, que decorreu ao longo de uma semana, teve como principal objectivo devolver a visão a cidadãos, maioritariamente idosos, provenientes dos 23 distritos da província de Nampula.
A Dra. Sofia Nacibo, médica em pós-graduação no Departamento de Oftalmologia, explicou que o mau tempo causado pela recente tempestade Jude dificultou a adesão de alguns pacientes, especialmente aqueles que residem fora da cidade de Nampula.
Entre os beneficiários, destaca-se Vitorino Vinte, que, após perder a visão em 2015 enquanto exercia funções numa empresa, expressou a sua satisfação após a cirurgia ao afirmar que já consegue ver novamente. A doutora Nacibo aproveitou a ocasião para abordar também a questão do glaucoma, uma doença ocular que afecta o nervo óptico e pode resultar em danos irreversíveis nas fibras nervosas. Em 2024, o HCN registou 900 casos atendidos, um aumento em relação aos 800 do ano anterior.
Este incremento de 100 casos foi atribuído à crescente consciencialização dos pacientes sobre a importância das campanhas de rastreio promovidas pelos serviços de saúde ocular na prevenção da doença. Neste ano, o Hospital já iniciou o rastreio do glaucoma, tendo atendido 40 pacientes, dos quais apenas cinco apresentaram critérios para serem submetidos a cirurgias.
A médica alertou para o facto de que indivíduos com 40 anos ou mais, assim como aqueles com histórico familiar de glaucoma, apresentam um risco mais elevado de desenvolver a doença. Assim, fez um apelo aos cidadãos dessa faixa etária para que se dirijam às unidades de saúde para realização de rastreios e, se necessário, um acompanhamento médico adequado.
“O glaucoma é uma doença silenciosa. Sem um acompanhamento hospitalar, a cegueira do indivíduo pode tornar-se irreversível. É, portanto, crucial que a população participe dos rastreios para identificar a presença da doença e garantir o devido seguimento”, frisou a Dra. Sofia Nacibo.