Os Estados Unidos divulgaram a decisão de restringir o fornecimento de água ao México, um desenvolvimento que acentua as tensões entre os dois países vizinhos, já marcadas por questões relacionadas com tarifas comerciais e a imigração ilegal.
O Gabinete para a América Latina do Departamento de Estado norte-americano justificou a medida, afirmando que “os persistentes défices no fornecimento de água ao México, ao abrigo do tratado de partilha de água de 1944, estão a dizimar a agricultura dos Estados Unidos, em particular os agricultores do Vale do Rio Grande”. A declaração foi partilhada através da rede social X, destacando que esta é a primeira vez que o governo norte-americano opta por limitar o fornecimento de água ao seu vizinho.
Além disso, os Estados Unidos rejeitaram um pedido do México para a criação de um canal especial que permitiria a entrega de água do rio Colorado para Tijuana, uma cidade fronteiriça que enfrenta sérios desafios hídricos. Este canal seria uma solução para a escassez de água que afecta a região.
O tratado de 1944 estabelece que o México deve fornecer água aos Estados Unidos a partir do Rio Grande, enquanto os Estados Unidos se comprometem a fornecer água do rio Colorado em troca. No entanto, o cumprimento deste acordo tem gerado fricções diplomáticas, muitas vezes exacerbadas por atrasos na entrega e por protestos de agricultores mexicanos preocupados com os efeitos da seca nas suas colheitas.
Claudia Sheinbaum, presidente do México, comentou sobre a situação, afirmando que a questão deveria ser tratada pelas comissões de fronteira e de água de ambos os países, sem entrar em pormenores sobre possíveis soluções. “Tem havido menos água. Isso é parte do problema”, declarou à imprensa.
Em Novembro do ano passado, os dois países assinaram um acordo que visa mitigar a escassez de água nos estados áridos do sul dos Estados Unidos, prometendo um fornecimento mais fiável de água do Rio México. Este acordo, fruto de mais de 18 meses de negociações, surge num contexto de crescente preocupação com a gestão dos recursos hídricos em ambas as margens do Rio Grande.