Viúva de Azagaia exige investigação sobre inclusão de texto difamatório em manual escolar
Rosa Cuna, viúva do rapper de intervenção social Mano Azagaia, manifestou a sua indignação e exigiu uma investigação holística sobre a inclusão de um episódio da vida do artista no manual de ensino da Língua Portuguesa da 8ª classe.
Cuna considera que a Texto Editores tem um papel relevante a desempenhar neste assunto e defende que é necessário apurar se houve casos de branqueamento de capitais relacionados a esta situação.
O controvertido texto, considerado “difamatório”, foi incluído no manual de 2020. No entanto, o Ministério da Educação e Cultura esclareceu que o livro foi produzido em 2014, comercializado em 2015 e utilizado entre 2016 e 2022, embora já tenha sido descontinuado. A viúva desafiou a argumentação do ministério, classificando-a de estapafúrdia e afirmando que a descontinuação do manual não foi motivada pelo conteúdo relacionado à detenção de Azagaia.
Cuna também se mostrou receptiva à justificativa apresentada pelo porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, de que o livro não estava integrado ao sistema escolar e não tinha autorização para circular. Contudo, a viúva sublinhou que o manual continua a estar disponível no portal do Governo e foi utilizado em salas de aula, levantando questões sobre a legalidade da sua circulação.
“Não temos como separar quando dizem que não foi autorizado a circular, mas está no portal do Governo”, notou Rosa Cuna, reforçando a necessidade de esclarecimentos sobre a impressão e distribuição do manual. Ela questionou: “Por que razão se imprimiu um manual não aprovado? Quais foram os motivos que levaram a editora a colocá-lo em circulação sem autorização ministerial?”.
A viúva do artista exortou as autoridades a investigarem a origem dos fundos utilizados para a impressão do livro, sugerindo que podem existir cenários relacionados a branqueamento de capitais, dada a importância da Texto Editores no sector editorial. “É um assunto muito sério que tem de ser abordado, porque a Texto Editores não é uma editora qualquer”, afirmou.
A situação envolvendo o manual e o nome de Azagaia foi trazida ao conhecimento da família em 2021. Rosa Cuna também expressou a sua preocupação com a possibilidade de perseguição ao artista, afirmando que o texto apresentado não reflete a verdade dos acontecimentos, uma vez que Azagaia foi inocentado após a sua detenção, que não resultou em qualquer condenação relacionada a drogas.