Destaque Surto de cólera em Ressano Garcia continua a causar vítimas mortais

Surto de cólera em Ressano Garcia continua a causar vítimas mortais

Os casos de cólera em Ressano Garcia, na Província de Maputo, têm aumentado significativamente. Desde a semana passada, registaram-se duas mortes, uma no hospital local e outra na comunidade.

A cólera, também conhecida como a “doença de mãos sujas”, é transmitida pela ingestão de água ou alimentos contaminados pelo vibrião colérico. Em Ressano Garcia, no distrito de Moamba, a doença tem-se propagado devido ao consumo de água contaminada do rio. Actualmente, o hospital local conta com 14 pacientes internados.

A reportagem do jornal O País conversou com um dos internados, que relatou ter adoecido após beber água do rio. “No sábado, fui trabalhar e saí às 12 horas. Não consegui voltar para casa e trouxeram-me para cá. Quando cheguei, a sala estava cheia de pessoas da minha zona, todos vizinhos doentes.”

Na enfermaria ao lado, um homem de cerca de 30 anos estava em recuperação após ser admitido com cólera. “Isto está a ser causado pela água do rio. Estamos todos a sofrer com esta situação,” afirmou ele.

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Os profissionais de saúde estão a envidar todos os esforços para controlar o surto, que tem contaminado cada vez mais pessoas e gerado grande preocupação na pequena comunidade de Ressano Garcia. “Há muitas mortes, e já estamos cansados disto. Apelamos às autoridades para que levem a sério este problema,” disse um residente.

A prática de defecar no rio, além de lavar roupa e outros utensílios na mesma água que depois é usada para consumo, tem agravado a situação. As autoridades de saúde realizaram exames que confirmaram a presença de vibrião colérico na água do rio. A médica-chefe distrital, Aulina Simão, confirmou ao Jornal O País a existência de cólera na área. “Fizemos exames em vários pontos do rio e detectámos a presença de vibrião colérico. Estamos a trabalhar com a comunidade para tratar a água antes do consumo. Confirmamos uma morte no hospital, mas não temos conhecimento de mortes fora das nossas instalações.”

Apesar das medidas adoptadas, a comunidade local relata que continuam a ocorrer mortes fora do hospital, sem o conhecimento das autoridades de saúde.