O governo moçambicano assegurou que continua a envidar esforços para resolver os problemas decorrentes da implementação da Tabela Salarial Única (TSU) em diversos sectores da administração pública, incluindo o sector da saúde, que enfrenta atualmente uma greve dos seus profissionais.
Filimão Suaze, porta-voz do Conselho de Ministros, falou após a 15ª sessão ordinária deste órgão, destacando que a implementação da TSU tem sido um sucesso, apesar dos constrangimentos em sectores específicos.
“A nossa posição é que o diálogo deve prevalecer, e estão a ser feitos esforços por parte do governo para ultrapassar os problemas apresentados, não só pelos profissionais de saúde, mas também por outros funcionários públicos”, afirmou Suaze, que também é vice-ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos.
Suaze sublinhou que a abordagem de diálogo com os profissionais de saúde está a avançar positivamente e que se espera alcançar resultados benéficos para ambas as partes. “A nossa estratégia de diálogo tem tido o efeito desejado e esperamos que o diferendo seja resolvido o mais breve possível”, acrescentou.
A greve dos profissionais de saúde, iniciada a 29 de abril pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), já conta com 327 dias de duração a nível nacional. A APSUSM afirma que 95% dos profissionais de saúde aderiram à greve, que resulta de várias questões, incluindo a falta de medicamentos, equipamento médico-cirúrgico, pagamento justo de horas extras, alimentação insuficiente para pacientes internados e superlotação nos hospitais.
Além disso, o caderno reivindicativo da APSUSM inclui a falta de pagamento do subsídio de cirurgia, no valor de três mil meticais (cerca de 47 dólares), aos técnicos superiores de cirurgia e enfermeiras de saúde materna infantil com componentes cirúrgicas, que asseguram os blocos operatórios em todo o país.
A TSU foi implementada com o objetivo de harmonizar os salários dos funcionários e agentes do Estado, que antes de fevereiro de 2022 apresentavam discrepâncias significativas entre os diferentes sectores do Estado.
Recentemente, a Associação Moçambicana de Juízes (AMJ) também manifestou descontentamento com a falta de resposta às suas reivindicações por parte de várias instituições governamentais, ameaçando levar a sua causa a outras instâncias. Os juízes criticam a ignorância sistemática das suas preocupações, que agravou a condição estatutária dos magistrados desde a entrada em vigor da TSU.