Autoridades sanitárias da província de Manica, no centro de Moçambique, lançaram uma campanha de tratamento em massa contra o tracoma, visando atingir cerca de 188.989 pessoas em três distritos: Guro, Tambara e Macossa, áreas identificadas com casos da doença.
O tracoma, uma doença tropical negligenciada, é causada pela bactéria Chlamydia trachomatis e pode levar à cegueira irreversível em casos graves. A transmissão ocorre principalmente por contacto direto, através de mãos sujas, utensílios ou panos contaminados, e também por moscas que propagam a doença ao pousarem em pessoas doentes.
Os sintomas incluem sensação de corpo estranho nos olhos, comichão, lacrimejo e secreção ocular. Em Moçambique, o tracoma afeta milhares de pessoas de todas as idades e é a segunda principal causa de cegueira evitável no mundo.
A campanha, iniciada nesta quarta-feira (10), terá a duração de cinco dias e contará com a participação de ativistas que irão alcançar até mesmo as comunidades mais remotas dos três distritos. O tratamento consistirá na administração de tetraciclina oftálmica para crianças com menos de seis meses, azitromicina suspensa para crianças entre seis meses e sete anos, e azitromicina em comprimido para pessoas com mais de sete anos.
Firmino Jaqueta, diretor provincial de saúde de Manica, garantiu que todas as condições foram criadas para que a campanha decorra sem grandes problemas. Ele enfatizou a importância da higiene individual, saneamento do ambiente e uso adequado de latrinas para combater a doença.
Os três distritos ainda apresentam uma prevalência de tracoma em torno de cinco por cento, considerada uma preocupação de saúde pública pelas autoridades sanitárias. Estratégias de tratamento em massa estão sendo implementadas durante três anos consecutivos para eliminar a doença, com avaliações periódicas para monitorar a prevalência.
Das províncias de Niassa, Nampula, Zambézia, Manica, Tete e Sofala, um total de 65 distritos em Moçambique são endêmicos para o tracoma. Enquanto 19 desses distritos estão realizando campanhas de tratamento em massa, os restantes estão em vigilância para controlar a propagação da doença.