A Associação Nacional dos Professores (Anapro) de Moçambique denunciou a transferência forçada de professores militantes ou com supostas ligações à oposição para escolas distantes, classificando a ação como “o cúmulo da intolerância política”.
Isac Marrengula, presidente da Anapro, afirmou que vários professores em Vilankulo, no sul do país, foram transferidos para escolas a mais de 150 km de distância por serem supostamente da oposição. Vilankulo, antes um bastião da Frelimo (partido no poder), foi conquistada pela Renamo (principal partido da oposição) nas eleições autárquicas de outubro.
Um candidato da oposição em Milange, no centro de Moçambique, também foi transferido em um ato de “perseguição política”, segundo Marrengula.
Marrengula denunciou que outros professores sofreram ameaças de membros da Frelimo e da liderança da educação por supostas ligações à oposição.
Ele salientou que as transferências são ilegais, pois as normas exigem um subsídio de adaptação equivalente a três salários mínimos para os deslocados.
Marrengula responsabilizou o Presidente Filipe Nyusi (um docente universitário) pela perseguição aos professores. Em janeiro, Nyusi chamou os professores de “confusos e agitadores” após protestos contra a Tabela Salarial Única (TSU).
Marrengula refutou as palavras de Nyusi, afirmando que os professores não são “agitadores, confusos ou barulhentos”.
O departamento jurídico da Anapro está estudando formas de luta pacífica contra as “transferências compulsivas”.
Marrengula afirma que a perseguição começou após as jornadas de luta da classe contra a TSU em 2023.
As denúncias da Anapro revelam um clima de intolerância política em Moçambique, com professores sendo punidos por suas crenças ou supostas afiliações.
As transferências forçadas violam os direitos dos professores e podem prejudicar a qualidade da educação em áreas remotas.
A resposta da Anapro demonstra a determinação dos professores em defender seus direitos e lutar por melhores condições de trabalho.