A polícia moçambicana deteve o delegado do INGD – Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres em Niassa, no norte de Moçambique, suspeito de desviar diversos produtos destinados às vítimas do ciclone Freddy, foi este sábado anunciado.
O delegado, um seu amigo e um motorista foram detidos em flagrante, na madrugada de sexta-feira, quando descarregavam os produtos numa residência, em Lichinga, capital provincial, disse à comunicação social Mirza Maguanda, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Niassa.
“Sabemos que a finalidade era a comercialização desses produtos no Malaui, país vizinho”, referiu a porta-voz.
Trata-se de 6.600 quilos de arroz, 4.660 quilos de farinha de milho, 700 quilos de feijão, 912 litros de óleo alimentar e 49 rolos de plásticos usados na cobertura de tendas para as vítimas.
A detenção do delegado ocorreu após uma denúncia popular, avançou a PRM.
O ciclone Freddy fustigou Moçambique em fevereiro e março, causando a morte de pelo menos 169 pessoas e afetando mais de 200 mil famílias, segundo os últimos dados do INGD.
Freddy é já um dos ciclones de maior duração e trajetória nas últimas décadas, tendo viajado mais de 10.000 quilómetros desde que se formou ao largo do norte da Austrália em 04 de fevereiro e atravessou todo o oceano Índico até à África Austral.
A atual época chuvosa (outubro a abril) já matou 302 pessoas e afetou mais de um milhão em Moçambique.
O país é considerado um dos mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, com ventos oriundos do Índico e cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral.