Internacional Netanyahu rejeita proposta de Joe Biden sobre a reforma judicial

Netanyahu rejeita proposta de Joe Biden sobre a reforma judicial

epa10545565 Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu attends a voting session in the Knesset, the Israeli parliament, in Jerusalem, Israel, 27 March 2023. Mass protests have been held in Israel for 12 weeks against the government's plans to reform the justice system and limit the power of the Israeli Supreme Court. EPA/ABIR SULTAN

O primeiro-ministro israelita rejeitou, esta quarta-feira, a sugestão do presidente dos Estados Unidos que lhe pediu para pôr de lado a reforma judicial, afirmando que Israel toma decisões próprias.

Trata-se de uma divergência pouco habitual entre os Estados Unidos e Israel, dois países aliados, marcando, de acordo com a agência Associated Press, uma fricção mesmo depois de Netanyahu ter suspendido a proposta sobre a reforma na Justiça, após fortes protestos nos últimos dias.

Questionado pelos jornalistas na terça-feira, Joe Biden afirmou que o primeiro-ministro de Israel deve abandonar a proposta. “Eu espero que ele se afaste [da proposta]”, disse o chefe de Estado norte-americano.

Na mesma declaração, Biden contornou ainda a sugestão do embaixador dos Estados Unidos em Israel que abordou a possibilidade de uma visita oficial de Benjamin Netanyahu à Casa Branca.

“Não. A curto prazo não”, disse o presidente dos Estados Unidos, referindo-se diretamente à sugestão do embaixador Thomas Nides.

Esta quarta-feira, Netanyahu respondeu que Israel é um Estado soberano e que “adota as decisões de acordo com as vontades do próprio povo e não através de pressões estrangeiras, mesmo que seja do melhor dos amigos”.

Esta semana, Netanyahu anunciou a suspensão da proposta legislativa “para evitar a guerra civil”.

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“Esperemos que o primeiro-ministro (Netanyahu) atue de forma a poder tentar chegar a um compromisso. Mas ainda temos de esperar para ver”, disse Biden aos jornalistas durante uma visita à Carolina do Norte, Estados Unidos.

Netanyahu e os aliados ultranacionalistas anunciaram em janeiro a nova proposta de alteração do sistema judicial, pouco depois da tomada de posse do novo governo.

A proposta provocou a maior crise política em Israel das últimas décadas tendo vários setores da sociedade israelita acusado o primeiro-ministro de estar a impor uma ditadura.

Na prática, entre outros aspetos, o plano permitia a Netanyahu, envolvido em vários processos de corrupção, além de outros políticos no poder, a nomeação direta dos juízes e o controlo do Parlamento, com maioria de direita, sobre o Supremo Tribunal.

A oposição afirma que a legislação iria concentrar o poder na coligação governamental contrariando os princípios de separação dos poderes político e judicial.

Nas negociações que começaram hoje, Netanyahu afirmou que “pretende alcançar consenso com os membros da oposição”.

Entretanto, o líder da oposição Yair Lapid disse na rede social Twitter que Israel era o maior aliado dos Estados Unidos mas o “governo mais radical da história de Israel destruiu a aliança em apenas três meses”.