Quarenta e sete militantes do partido do dirigente da oposição camaronês Maurice Kamto, incluindo o porta-voz e o tesoureiro, foram condenados por um tribunal militar a penas entre um e sete anos de prisão por rebelião.
Os militantes foram detidos em 22 de setembro de 2020 quando o seu partido, o Movimento pela Renascença dos Camarões (MRC), e outras organizações planeavam a realização de “marchas pacíficas” contra o regime do Presidente Paul Biya, no poder há 39 anos.
A polícia dispersou com violência centenas de manifestantes, especialmente em Douala, a capital económica, no sul do país. Mais de 500 manifestantes foram detidos em várias cidades do país e 124 ainda estão encarcerados, de acordo com o MRC.
Em setembro, um grupo de advogados desistiu de defender uma centena de militantes do MRC, denunciando a “arbitrariedade” e “a ilegalidade da detenção”. Maurice Kamto, o rival de Paul Biya – reeleito em 2018 numa votação contestada pela oposição – foi preso em janeiro de 2019, na sequência de uma marcha de protesto contra as eleições durante a qual se apresentou como “Presidente eleito”.
Kamto esteve detido nove meses, sem julgamento, tendo sido libertado após intensa pressão internacional. Dois meses após a prisão dos militantes, a organização Amnistia Internacional acusou o regime de Biya de continuar uma “repressão implacável contra a oposição, caracterizada por “prisões e detenções arbitrárias”.