Sociedade Maputo: Entrevistas e encurtamento de rotas preocupam passageiros

Maputo: Entrevistas e encurtamento de rotas preocupam passageiros

O encurtamento de rotas do transporte público, na cidade de Maputo, ainda é uma dor de cabeça para os cidadãos. Apesar das multas aplicadas pela Polícia Municipal, o problema prevalece e, vezes sem contas, aos olhos de quem devia impor a ordem e evitar o sofrimento dos utentes.

Diariamente, sai-se com o tempo calculado para se chegar à escola ou ao trabalho, minutos antes do início das actividades. A rotina até está bem alinhada, mas tudo se estraga na paragem, onde passa o primeiro chapa, que mesmo com espaço, não para e passa o segundo que até para, todavia só entra quem desce numa paragem próxima.

Com braço a fechar a porta, só entra no chapa depois de responder à pergunta do cobrador, como “Uya kwine?”, formulada em Changana que, em Português, se traduz ‘Aonde vai?’ Se a resposta for do agrado do cobrador, o passageiro é aprovado e segue a viagem. Quem não consegue, só depois de tantos outros chapas passarem é que, por sorte e já atrasado, chega ao seu destino, sendo que, porém, às vezes paga o dobro ou o triplo do valor normal. Noutros casos, são as ligações que “salvam” o passageiro, após se cansar de ficar horas a fio numa paragem cheia.

Por não fazer sentido a prática dos transportadores, a Polícia Municipal decidiu, fiscalizar o trabalho deste grupo no terminal rodoviário da Praça dos Combatentes, segundo o Porta-voz da equipa, Mateus Cuna.

“Este trabalho enquadra-se no âmbito do controlo de desvio, encurtamento de rota, alteração do percurso, selecção de passageiro, bem como as “entrevistas”. Estamos aqui para consciencializar, primeiro, tanto a tripulação, bem como os passageiros para não aceitarem ser submetidos a um conjunto de questionamento sobre o destino”.

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Mateus Cuna sublinhou que os passageiros não devem aceitar submeter-se a estas “entrevistas”, uma vez que as viaturas de transporte público têm uma faixa de identificação, por isso o passageiro simplesmente deve ler a rota e tomar o veículo.

Outrossim, a fiscalização tinha como objectivo evitar as “ligações”, para o caso dos passageiros que tomavam chapa numa paragem, indo até ao terminal para, depois, seguir a viagem ao seu destino. Nestes casos, eram mandados descer do chapa e alinhar-se na fila.

Cuna explicou ainda que o trabalho não para por aqui, pois, de forma rotineira, a polícia vai posicionar-se noutros pontos, como nas paragens intermediárias para realizar este trabalho.

“Para acabar com a prática desviante, que acaba encarecendo a vida do munícipe, num trajecto que podia fazer em 10 meticais, acaba pagando duas ou três vezes mais, pelo que queremos exortar aos cobradores e motoristas, porque medidas serão tomadas”

Mesmo que o trabalho seja apenas de fiscalização e persuasão, os condutores, que não cumprem a lei, não se escapam das sanções, como aconteceu na semana passada, em que foram multados 31 automobilistas, obrigados a pagar 10 000 meticais e viram retidas suas cartas de condução.