Internacional Acusado de terrorismo, herói de ‘Hotel Ruanda’ comparece a tribunal

Acusado de terrorismo, herói de ‘Hotel Ruanda’ comparece a tribunal

O empresário ruandês é acusado de 13 crimes, incluindo o de fundar e pertencer a um grupo armado, e promover terrorismo com fins políticos.

Um tribunal de Kigali manteve em prisão preventiva, nesta segunda-feira (14), o empresário ruandês Paul Rusesabagina, que inspirou o filme “Hotel Ruanda” e salvou mais de 1,2 mil pessoas durante o genocídio contra os tutsis, em 1994, após ser acusado de 13 crimes, vários deles relacionados ao terrorismo.

Numa audiência preliminar, o Tribunal de Kicukiro, em Kigali, também adiou até o próximo dia 17, sua decisão sobre a liberdade condicional solicitada pela defesa de Rusesabagina por motivos de saúde e que apareceu pela primeira vez em público após sua prisão, no dia 31 de agosto.

Rusesabagina, de 66 anos, foi detido no Aeroporto Internacional de Kigali, embora a família e seus advogados garantem que ele foi “raptado, desaparecido e submetido a uma rendição extraordinária de Dubai para Ruanda”.

As autoridades ruandesas sustentam que sua prisão foi legal, mas não forneceu mais detalhes e ninguém explicou o que exatamente aconteceu entre o dia 27 de agosto, quando o acusado conversou com sua família após chegar a Dubai (Emirados Árabes Unidos), e 31 de agosto, quando foi apresentado aos meios de comunicação em Kigali.

Ele é acusado de 13 crimes, incluindo fundar e pertencer a um grupo armado, terrorismo, participação em terrorismo com fins políticos, conspiração e cumplicidade em crimes de homicídio, sequestro e roubo.

Protegido com máscara, Rusesabagina, que tem nacionalidade belga e reside nos Estados Unidos, decidiu não se declarar culpado ou inocente das acusações contra si, já que, como afirmou, prefere responder individualmente a cada uma delas no julgamento, uma vez que em algumas delas estaria disposto a declarar parte de sua culpa.

Por exemplo, Rusesabagina admitiu ter dado dinheiro à milícia das Forças de Libertação Nacional (FLN), como acusa o Ministério Público e de que afirma ter provas, mas esclareceu que não pretendia que o grupo matasse pessoas.

“Respondi aos crimes da FLN cometidos no território de Ruanda. Essa não é a missão que lhes havíamos confiado. Peço desculpas por isso”, alegou o réu.