Internacional África do Sul debate-se com falta de camas e oxigénio

África do Sul debate-se com falta de camas e oxigénio

Guy Richards, director dos cuidados clínicos no Hospital Charlotte Maxeke, em Joanesburgo, disse à Associated Press que estão extremamente preocupados com a potencial escassez de oxigénio nos próximos dias.

“Um grande hospital como o nosso tem dificuldade em fornecer quantidades suficientes de oxigenação aos nossos doentes. O mesmo está a acontecer no hospital Helen Joseph e isto é um grande problema”, disse.

O ministro da Saúde, Zweli Mkhize, que hoje visitou o Hospital Distrital de Tshwane, assegurou que as autoridades estão a trabalhar com a indústria para resolver o problema de fornecimento de oxigénio aos hospitais.

Atualmente estamos sobrecarregados, mas ainda estamos a conseguir” disse Veronica Ueckermann, chefe da equipa de resposta à covid-19 no Hospital Académico Steve Biko, que inclui o Hospital Distrital de Tshwane.

Em pleno inverno no hemisfério sul, com a previsão de uma frente fria que poderá fazer baixar as temperaturas abaixo de zero durante o fim de semana, vários doentes são mantidos em tendas aquecidas no parque de estacionamento do hospital.

“A tempestade de que temos constantemente avisado os sul-africanos está agora a chegar”, disse Mkhize.

As autoridades estimam que as camas dos hospitais em todas as províncias possam estar cheias dentro de um mês.

O ministro da Saúde disse estar a procurar 2.000 camas adicionais para montar hospitais de campanha em Gauteng.

África do Sul registou hoje um novo recorde diário de casos confirmados, 13.674, elevando para 238.339 o número acumulado de infeções no país, mais de um terço das quais na província de Gauteng, onde se localizam as cidades Joanesburgo e Pretória.

Uma enfermeira no Hospital Chris Hani Baragwanath, o terceiro maior hospital do mundo com mais de 3.000 camas, adiantou que os pacientes com o novo coronavírus estão agora a ser admitidos em enfermarias normais, uma vez que as destinadas a doentes com covid-19 estão cheias.

“O nosso hospital já está sobrecarregado. Houve um afluxo de pacientes nas últimas duas semanas”, disse a enfermeira, citada pela Associated Press sob condição de anonimato, por não ter autorização para dar entrevistas.

“Cada vez mais colegas no hospital testam positivo diariamente”, disse, acrescentando que isso acontece “mesmo com pessoas que não estão a trabalhar nas enfermarias da covid-19″.

No continente africano há mais de 8.000 trabalhadores da saúde infetados com o novo coronavírus, metade dos quais na África do Sul.

O aumento do número de casos na África do Sul surge à medida que o país está a afrouxar as medidas de confinamento, com os restaurantes a funcionar em pleno e as concentrações religiosas a serem retomadas.

“A economia estava a sofrer e precisava de ser reaberta”, defendem as autoridades, mas os funcionários da província de Gauteng apelam para medidas mais rigorosas de proteção para regressarem ao trabalho.

O presidente do governo de Gauteng, David Makhura, anunciou hoje que testou positivo para o novo coronavírus e que tem sintomas ligeiros da doença.

“Devemos duplicar os nossos esforços”, disse, exortando as pessoas a usarem máscaras, a lavarem as mãos e a manterem o distanciamento.

Em África, há 12.443 mortos confirmados em mais quase 541 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

pandemia de covid-19 já provocou 555 mil mortos e infetou mais de 12,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.